Uma pesquisa levada a cabo pelo Center for Countering Digital Hate, organização britânica de combate ao ódio digital, revelou que o algoritmo da rede social TikTok promove conteúdos relacionados com a automutilação e os distúrbios alimentares nas contas de adolescentes que tenham demonstrado interesse no tópico, de forma quase imediata.
Corpo do artigo
Os perigos e os desafios das redes sociais não são matéria recente, mas têm deixado alertas constantes na comunidade educativa e junto dos profissionais de saúde. Desta vez, as "sirenes" soaram em relação à popular plataforma TikTok, que segundo o mais recente estudo do Center for Countering Digital Hate concluiu que a cada 206 segundos uma conta recebe conteúdos que incluem dietas restritivas, conteúdo pró-automutilação e matéria que romantiza o suicídio, mesmo que estes utilizadores sejam menores, como noticia o jornal britânico "The Guardian".
Para esta investigação foram criadas contas classificadas como "padrão" e "vulneráveis" nos EUA, Reino Unido, Canadá e Austrália, onde todos os participantes se registaram com 13 anos, idade mínima para aderir à plataforma. As contas consideradas "vulneráveis" continham a expressão "perder peso" nos seus nomes de utilizador: segundo o estudo é comum para as pessoas que procuram conteúdos relacionados com alimentação e emagrecimento a escolha de palavras-chave relacionadas com o tema, para assim se apresentarem na rede social.
Durante os primeiros 30 minutos, as contas "pararam" em vídeos sobre imagem corporal, transtornos alimentares e saúde mental, tendo deixado o seu "like", na tentativa de monitorizar a eficácia do algoritmo do TikTok. Os resultados são "o pesadelo de todos os pais", afirmou Imran Ahmed, diretor executivo da instituição que fez a experiência: bastaram três minutos para que as contas "padrão" começassem a ser invadidas por conteúdos sobre suicídio, e oito minutos para que matérias sobre os distúrbios alimentares fossem cada vez mais frequentes.
Imran Ahmed começa por explicar que os feeds dos jovens são cada vez mais bombardeados "com conteúdo prejudicial e angustiante que pode ter um impacto significativo na compreensão que têm do Mundo, assim como na sua saúde física e mental". Ao longo da pesquisa, os investigadores desvendaram que os conteúdos mais prejudiciais são os que estão relacionados com a imagem corporal, devido aos vídeos que promovem bebidas para a perda de peso e cirurgias para a remoção de gordura abdominal.
As contas consideradas "vulneráveis" foram as que mais sofreram com este tipo de conteúdos. Para que se tenha uma ideia, estas receberam 12 vezes mais vídeos relacionados com automutilação e suicídio do que as contas "padrão".
O TikTok já se pronunciou e afirma que este estudo "não reflete a experiência ou os hábitos de visualização dos utilizadores da aplicação na vida real". O porta-voz da rede social explicou que a plataforma "consulta regularmente especialistas em saúde, remove violações das políticas do TikTok e fornece acesso a recursos de apoio a quem precisa". A empresa continua focada "em promover um espaço seguro e confortável para todos, incluindo pessoas que optam por partilhar o seu percurso na recuperação ou ilucidar outras pessoas sobre estes tópicos importantes".
As diretrizes do TikTok proíbem conteúdo que promova comportamentos, que possam levar ao suicídio e à automutilação, bem como material que incite comportamentos ou hábitos alimentares não saudáveis.