O esforço de Manal al-Charif para acabar com a legislação que impede as mulheres de conduzir na Arábia Saudita está a chamar a atenção de todo o mundo. A activista saudita foi detida horas depois de colocar no Youtube um vídeo em que aparece a conduzir na província saudita de Khobar. Veja o vídeo.
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Manal al-Charif, especialista em segurança informática, está detida por ter desafiado a legislação que impede as sauditas de conduzir.
A activista chegou a ser libertada horas depois de uma primeira detenção, mas as autoridades sauditas acabaram por ir buscá-la a casa e voltaram a detê-la por um período de, pelo menos, cinco dias.
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O seu advogado, Adnan Al-Saleh, adiantou à agência francesa AFP que a acusação contra Manal al-Charif "não constitui um delito", manifestando a esperança de que seja apenas considerada culpada de circular sem carta de condução.
No vídeo divulgado no Youtube, que já conta com mais de 500 mil visualizações, a activista defende que "nenhuma lei islâmica impede as mulheres de conduzir", acrescentando que esta proibição se deve unicamente a factores sociais de um reino ultra-conservador.
Foi lançada uma campanha nas redes sociais em que é pedido ao rei Abdullah, da Arábia Saudita, que intervenha a favor da libertação al-Charif. "Já é altura de se tomar uma decisão clara sobre a questão do direito das mulheres a conduzir", defendem os autores da petição.
O grupo de activistas pelos direitos das mulheres, a que pertence Manal al-Charif, também já lançou na Internet um apelo para que as mulheres sauditas desfilem ao volante dos seus carros, a 17 de Junho.
A organização de direitos humanos internacional "Human Rights Watch" manifestou o seu descontentamento com a situação, pedindo, esta terça-feira, a libertação de Manal al-Charif.
"O rei Abdullah deve pôr fim ao estatuto de 'pária' da comunidade internacional que tem a Arábia Saudita, único país do mundo a proibir as mulheres de conduzir", afirmou a organização num comunicado, apelando ao rei que siga o exemplo dos seus antecessores que, pela primeira vez, "permitiram o acesso das raparigas à educação".
A proibição de conduzir é uma das mais contestadas num país onde as mulheres estão também impedidas de ser eleitas ou assumir cargos políticos.
As mulheres sauditas não podem ainda casar, viajar, estudar ou abrir uma conta bancária sem autorização de um homem que assuma a função de seu "tutor".
Quanto à condução, estão sempre dependentes de um homem que as transporte ou do serviço de táxis que muitas vezes não conseguem pagar.