Nasrin Sotoudeh, advogada de direitos humanos e vencedora do Prémio Sakharov em 2012, foi detida pelas autoridades iranianas no funeral de Armita Geravand. A jovem, de 16 anos, faleceu após alegadamente ser intercetada pela “Polícia da Moralidade”, no metro de Teerão, por não usar o véu islâmico.
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O marido de Nasrin, Reza Khandan, confirmou à agência France-Press a detenção de várias pessoas no funeral e revelou que, durante uma chamada telefónica, a mulher confirmou “que foi severamente espancada”. "Muitos estão em detenção ministerial, o tipo de prisão em que estava Mahsa Amini quando morreu nas mãos de agentes do Governo” acrescentou Khandan na rede social X (antigo Twitter).
Jornalistas que se deslocaram ao local, na tentativa de noticiar o funeral da adolescente, também alegaram que as forças iranianas atacaram, espancaram e detiveram quem se reuniu às portas do cemitério Behesht-e-Zahra, em Teerão. O jornal “The Guardian” avançou, segundo relatos de presentes, que alguns agentes da polícia se misturaram à paisana entre a multidão antes de começarem a agir. "Fui empurrado para trás e vi-os a baterem em quem segurava cartazes de protesto. Eu contei pelo menos oito pessoas que foram violentamente espancadas e detidas”, disse um jornalista, sob condição de anonimato, ao jornal britânico.
A agência noticiosa iraniana Fars afirmou que Sotoudeh “foi detida e entregue às autoridades judiciais” por “não usar o véu islâmico” e por praticar “atividades contra a segurança mental da sociedade”.
Armita Geravand, que faleceu no passado sábado, estava em coma, sob forte vigilância policial, desde o dia 1 de outubro, quando terá sido abordada pela “Polícia da Moralidade”, no interior de uma carruagem do metro, por não estar a utilizar o hijab. Na gravação de videovigilância divulgada no dia do incidente, vê-se a adolescente a entrar dentro do transporte e, segundos depois, a ser retirada, inanimada, e deixada na plataforma.