O presidente da autoridade de regulação nuclear japonesa preveniu esta segunda-feira que a água acumulada na central acidentada de Fukushima poderá ser voluntariamente lançada ao oceano, depois de tratada.
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"É possível que se venha a considerar lançar água para o oceano, desde que o nível de contaminação radioativa esteja dentro do limite legal", declarou Shunichi Tanaka em conferência de imprensa.
"Sublinho que isto só pode acontecer com água muito fracamente radioativa, já tratada", acrescentou o presidente da autoridade independente, criada em setembro passado.
"Chegaremos a esse momento inevitável em que será preciso pôr esta água em algum sítio, no oceano ou noutro local", frisou.
Tanaka acrescentou que "o nível de contaminação aplicado será o que é admitido a nível internacional para as águas habitualmente libertadas por instalações nucleares em funcionamento normal".
"Não vamos tentar ultrapassar os limites estabelecidos", prometeu, admitindo que vão ser necessárias "explicações para conseguir a compreensão da comunidade internacional".
"Se decidirmos lançar a água no oceano, tudo será feito para reduzir os níveis [de contaminação] abaixo do limite admissível, através do dispositivo de descontaminação denominado ALPS", referiu.
Há vários meses, o ALPS (concebido pelo grupo japonês Toshiba) está avariado e, se permite 'a priori' filtrar 60 produtos radioativos, não consegue eliminar o trítio. "Serão necessários meios suplementares", reconheceu Tanaka.
O chefe da autoridade reguladora nipónica insistiu na importância de compreender os números.
"Entre 20 e 30.000 milhões de becquerels de trítio ficaram dispersos no ambiente, ao longo de mais de dois anos, mas, de acordo com os meus cálculos, isso representa apenas 35 gramas de trítio", disse Tanaka, sublinhando que não procura minimizar a situação, mas compreender cientificamente os acontecimentos que qualificou de "graves".
A empresa gestora da central de Fukushima Daiichi, acidentada na sequência do tsunami de 11 de março de 2011, a Tokyo Electric Power (TEPCO), tem já de resolver o problema de cerca de 400.000 toneladas de água contaminada no subsolo ou armazenada num milhar de reservatórios especiais.
Este volume aumenta todos os dias em 400 toneladas, apesar de uma parte sair diretamente para o mar, por não existirem, de momento, meios para bloquear a fuga.
Recentemente, um reservatório perdeu 300 toneladas de líquido altamente radioativo, parte do qual saiu para o mar. Em outros locais registaram-se pontos de forte contaminação do solo, deixando evidente as grandes dificuldades que se colocam para a TEPCO, a autoridade reguladora e o Governo.
"Um grupo de trabalho foi constituído para estudar concretamente que medidas a tomar e vamos dar início a controlos regulares dos efeitos da água contaminada no ambiente", explicou ainda Tanaka.
"Vamos poder dar rapidamente informações claras e precisas", garantiu.