O Governo alemão informou esta quarta-feira, uma semana após o ataque contra o semanário "Charlie Hebdo", que decidiu reforçar as restrições de viagem para evitar potenciais jiadistas de se deslocarem à Síria e ao Iraque.
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"O objetivo é evitar a viagem de pessoas que pretendiam juntar-se a áreas de combate, por exemplo na Síria", disse aos jornalistas Steffen Seibert, porta-voz da chanceler Angela Merkel, após a decisão saída do Conselho de Ministros.
A lei alemã já permite que sejam confiscados passaportes de candidatos à jiad, mas o novo texto autoriza também a apreensão do seu documento de identificação, necessário para viagens dentro da União Europeia e para a Turquia.
Aos suspeitos será facultado, por um período máximo de 18 meses, um documento de identificação de substituição, no qual figurará a proibição de viagem.
Citando os serviços de segurança, o diário "Rheinische Post" relata que mais de 600 alemães passaram a lutar na Síria e no Iraque, onde 60 perderam a vida, tendo 180 regressado à Alemanha.
E pelo menos 20 candidatos a jiadistas juntaram-se às zonas de combate usando os documentos de identificação normais, após lhes terem sido confiscados os passaportes, revelou o governo, segundo a edição de terça-feira do jornal "Die Welt".
De acordo com o Ministério do Interior, por terra ou por ar, a maioria fugiu para a Turquia antes de atravessar a fronteira turco-síria, enquanto outros passaram pela Bélgica e pela Holanda para tentar não deixar rasto.
O governo alemão prevê ainda penalizar tudo o que for detetado como preparativo para a jiad ou a expedição de armas, tendo como alvo, por exemplo, tentativas de deixar a Alemanha transportando armas, coletes à prova de bala ou equipamentos de visão noturna.
Por fim, o ministro da Justiça, Heiko Maas, anunciou que, antes do fim do mês, terá lugar um endurecimento das penas para casos de financiamento do terrorismo, mesmo quando os montantes envolvidos forem muito pequenos.
Ainda em debate continua um tema que divide o governo: o armazenamento de dados por parte dos operadores de telefones, 'mails e ligações à Internet, para transmissão dos mesmos aos investigadores.
Os conservadores de Merkel reclamam a colocação em prática desta medida há muito tempo, mas os social-democratas opõem-se, invocando o respeito pela privacidade dos cidadãos.