Milhões de pessoas enfrentam fortes perturbações nos transportes públicos, devido a uma greve que já está a ser classificada como uma das mais relevantes das últimas décadas. Os trabalhadores lutam por aumentos salariais, enquanto a maior economia da Europa tem mostrado dificuldade em dar resposta à inflação.
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Aeroportos, terminais de comboios e estações de autocarros estão, esta segunda-feira, paralisados em todo o país, em consequência de uma greve geral de 24 horas convocada pelo sindicato Verdi e pelo sindicato ferroviário e de transportes EVG. A Imprensa alemã antecipa que a interrupção ficará marcada por ser uma das mais significativas dos últimos anos.
Dois dos maiores aeroportos da Alemanha, Munique e Frankfurt, suspenderam alguns voos, enquanto os serviços ferroviários de longa distância foram cancelados pela operadora Deutsche Bahn, dando lugar a um mar de trabalhadores vestidos com coletes refletores. A Associação de Aeroportos do país estima que 380 mil passageiros aéreos foram afetados, sendo que, só em Frankfurt, quase 1200 voos foram inviabilizados e mais de 160 mil pessoas viram as viagens serem canceladas.
Numa altura em que a inflação tem vindo a escalar, atingindo 9,3% em fevereiro, os trabalhadores pressionam por aumentos salariais para atenuar as consequências económicas, no entanto, as empresas têm vindo a defender que não é a altura certa para aumentos salariais.
O sindicato Verdi - que exige um aumento salarial de 10,5% (pelo menos 500 euros por mês) - está a negociar em nome de cerca de 2,5 milhões de funcionários do setor público, o que inclui trabalhadores dos transportes públicos e aeroportos. Já o sindicato EVG está a intermediar em prol de 230 mil trabalhadores da operadora ferroviária Deutsche Bahn e empresas de autocarros, apelando por progressos na ordem dos 12%, o que se traduziria em mais 650 euros mensais.
Martin Burkert, secretário-geral da EVG, disse ao jornal "Augsburger Allgemeine" que os patrões ainda "não tinham apresentado uma oferta viável", alertando que podem ser agendadas novas greves, inclusive durante o período das férias da Páscoa. Ao "Bild am Sonntag", Frank Werneke, chefe do sindicato Verdi, lembrou que a greve é uma questão de sobrevivência para milhões de trabalhadores,
Por sua vez, a Deutsche Bahn destacou no domingo, cita a agência Reuters, que a greve é "completamente excessiva, infundada e desnecessária", lembrando ainda que um aumento salarial resultaria em tarifas mais elevadas para os passageiros. A empresa espera que a paralisação tenha um "impacto maciço" em toda a rede ferroviária e prometeu informar os utilizadores "da forma mais rápida e abrangente possível" sobre cancelamentos e atrasos.
Os sindicatos estão em negociações com os patrões ao longo dos próximos três dias, mas se não houver um acordo a paralisação pode estender-se. Para já, os representantes dos trabalhadores recusaram a propostas dos empregadores, que inclui um aumento de 5% nos salários durante um período de 27 meses e um pagamento único de 2500 euros.