A Rede Internacional de Organizações Ambientais (CAN) considerou, esta quarta-feira, essencial que da cimeira sobre o clima que decorre em Glasgow saia um "compromisso para eliminar os combustíveis fósseis".
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"Não manteremos vivo o objetivo de limitar a 1,5 graus celsius o aquecimento do planeta se não fizermos com que os hidrocarbonetos tenham um papel preponderante nas negociações da COP26", disse em conferência de imprensa a ativista e líder da CAN, Catherine Abreu.
"A produção de combustíveis fósseis e a transição energética não devem ficar em segundo plano nestas conversações", acrescentou.
Pelo menos duas pessoas foram detidas hoje numa manifestação no centro de Glasgow, onde decorre a 26.ª conferência do clima das Nações Unidas, para protestar contra a "propaganda ambiental" de políticos e empresas.
Catherine Abreu salientou alguns dos anúncios feitos pelos líderes políticos na terça-feira, incluindo um compromisso de 100 países, em que não participaram a China, a Rússia e a Índia, de reduzir as emissões de metano em 30% nesta década, o qual considerou "ficar aquém".
A executiva da CAN disse esperar que na quinta-feira seja anunciado um compromisso de mais de 20 países sobre o fim do financiamento de projetos de carvão no estrangeiro, o que seria um passo positivo, mas não suficiente para reduzir o impacto dos hidrocarbonetos.
Na conferência de imprensa, o advogado da CAN Sébastien Duyck denunciou que a COP26, presidida pelo Reino Unido, "não está a ser nada inclusiva", e disse que apenas quatro observadores de organizações não governamentais podem estar presentes para contribuir com as suas opiniões para as negociações, "de entre os milhares que foram acreditados e fizeram um esforço" para estar em Glasgow, na Escócia.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.