A ameaça feita na quinta-feira pelo presidente norte-americano de impor a partir da próxima semana fortes taxas alfandegárias sobre as importações de aço e alumínio pelos EUA suscitou reações indignadas um pouco em todo o mundo.
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Donald Trump deve anunciar a imposição de uma taxa de 25% para o aço e 10% para o alumínio, o que já levou alguns analistas a anteciparem uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a Europa.
"Lamentamos fortemente" esta decisão norte-americana, reagiu Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia.
"Em vez de facilitar uma solução, esta decisão só pode agravar as coisas. Não vamos ficar de braços cruzados enquanto a nossa indústria é atingida por medidas injustas", acrescentou.
"A União Europeia vai começar, o mais cedo possível, consultas sobre a resolução de diferendos com os EUA em Genebra", sede da Organização Mundial do Comércio, acrescentou, no mesmo comunicado, a comissária para o Comércio, Cecília Malmstrom.
"Toda a tarifa ou quota que seja imposta à nossa indústria canadiana do aço e alumínio seria inaceitável", declarou, por seu lado, o ministro do Comércio Internacional do Canadá, François-Philippe Champagne.
Este país vizinho dos EUA é o seu primeiro fornecedor de aço e alumínio.
O governo canadiano foi surpreendido por uma decisão que pode virar-se contra as empresas dos EUA.
"Os EUA têm um excedente de dois mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros) no comércio do aço com o Canadá", destacou a ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana, Chrystia Freeland.
Também o sindicato norte-americano dos siderúrgicos, o United Steelworkers (USW), ativo nos EUA e no Canadá, exige que os produtores canadianos de aço e alumínio sejam excluídos das medidas anunciadas por Trump.
"O Canadá não é claramente um dos 'maus atores' implicados no comércio injusto e dumping de alumínio e aço para os EUA", avançou o sindicato.
A associação alemã da siderurgia Stahl denunciou "medidas que violam as regras da Organização Mundial do Comércio", exigindo a intervenção da União Europeia.
"Se a Europa não agir, a nossa siderurgia vai pagar a conta do protecionismo norte-americano", alertou o presidente da Stahl, Hans Jurgen Kerkhoff.
Outra voz que se juntou ao coro de protestos foi a do Reino Unido, cuja embaixada em Washington exprimiu a sua posição em comunicado: "Estamos particularmente inquietos com qualquer medida que possa ter consequências para o aço do Reino Unido e as suas indústrias do alumínio".