A Amnistia Internacional acusou a polícia filipina, sob ordens diretas do Presidente Rodrigo Duterte, de ter vindo a assassinar cidadãos pobres com a desculpa de que está numa luta contra as drogas, forjando provas e chegando a contratar assassinos.
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"Agindo de acordo com instruções do mais alto nível do governo, a polícia das Filipinas matou e pagou a outros para matar milhares de alegados envolvidos em crimes com drogas, numa onda de execuções extrajudiciais que podem constituir crimes contra a Humanidade", indicou a Amnistia Internacional no relatório "Se é pobre, é morto: Execuções Extrajudiciais nas Filipinas".
A organização de direitos humanos e cívicos revela como a polícia filipina tem vindo, sistematicamente, a escolher como alvos pessoas pobres e indefesas um pouco por todo o país, "ao mesmo tempo que forja 'provas', recruta assassinos a soldo, rouba as pessoas que mata e mente nos relatórios oficiais das ocorrências".
"Isto não é uma guerra contra as drogas, mas sim uma guerra contra os pobres. Muitas vezes com a mais ténue das provas, pessoas acusadas de consumir ou vender drogas estão a ser assassinadas, numa economia de homicídio", declarou Tirana Hassan, diretora de Resposta às Crises da Amnistia Internacional.
Os cálculos da Amnistia Internacional indicam que a polícia - incitada pela retórica do presidente Duterte - tem vindo a matar - ou a pagar para matar - mais de um milhar de pessoas por mês.
"Desde que o Presidente Rodrigo Duterte entrou em funções, há sete meses, já ocorreram mais de sete mil mortes relacionadas com drogas, com a polícia a matar diretamente cerca de 2500 alegados" envolvidos em crimes de drogas, escreve a AI.
As testemunhas ouvidas pela AI contradizem os relatórios oficiais da polícia, afirmando que os agentes - que em certos casos nem sequer tentaram proceder a detenções - mataram pessoas desarmadas e pessoas que tinham acabado de se render. "Em alguns casos, disseram as testemunhas, a polícia 'plantou' drogas e armas que mais tarde considerou como provas" contra os acusados.
Um polícia sénior da polícia de Manila contou à Amnistia Internacional a forma como as autoridades transformaram esta atividade num negócio, referindo-se a "encontros", o termo usado para fazer passar as execuções extrajudiciais como uma operação policial legítima.