A Justiça francesa começou hoje a julgar oito pessoas acusadas de alegado incitamento ao ódio contra o professor Samuel Paty, assassinado em 2020 por um adolescente de origem chechena.
Corpo do artigo
Os acusados, sete homens e uma mulher, vão ser julgados nos próximos dias pelo assassinato do professor de História e Geografia que lecionava num estabelecimento de ensino de Conflants Sante Honorine, na região francesa de Yvelines, norte de Paris.
Os acusados, com idades compreendidas entre os 22 anos e os 65 anos, já compareceram hoje num tribunal especial de Paris por alegado envolvimento dos atos ocorridos em 2020 quando o jovem Abdulaj Anzorov matou Samuel Paty.
Dois dos acusados estão a ser julgados também por cumplicidade no crime de assassinato, considerado "ato terrorista", pelo que podem vir a ser condenados a prisão perpétua.
Os outros seis, acusados de associação criminosa e terrorista, podem vir a ser condenados a penas até aos trinta anos de cadeia, referiu hoje a estação de televisão francesa BFM TV.
Os implicados foram também acusados de difundirem filmes através das redes sociais que estigmatizaram o professor, designando-o como "objetivo" e fornecendo publicamente informações como a identidade e o local de trabalho.
Muitos dos filmes apresentavam dados "falsos ou distorcidos" que, segundo a acusação, apenas pretendiam incitar o ódio contra o professor, referem fontes citadas no processo.
Em dezembro de 2023, seis outros arguidos - todos adolescentes - foram condenados por fazerem falsas acusações e organizarem uma conspiração criminosa com a intenção de provocar violência.
Quatro deles identificaram Samuel Paty quando Abdulaj Anzorov perguntou pelo professor antes de cometer o crime, que foi uma resposta às caricaturas do profeta Maomé da revista satírica francesa "Charlie Hebdo".
As caricaturas foram mencionadas pelo professor como objeto de estudo na sala de aula.