Um homem invadiu, esta quinta-feira, o local de culto judaico com um carro e esfaqueou segurança, num caso tratado como terrorista pela Polícia. Suspeito foi morto e duas pessoas foram detidas.
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Pelo menos duas pessoas morreram e três ficaram gravemente feridas após um indivíduo atropelar peões e esfaquear um segurança do lado de fora da sinagoga Congregação Hebraica Heaton Park, em Manchester, na Inglaterra. O suspeito foi morto pela Polícia, que investiga o caso como terrorismo.
Por volta das 9.30 horas, as autoridades foram alertadas sobre o caso. Minutos depois, agentes policiais dispararam duas vezes contra um suspeito, um homem calvo, de barba, roupas escuras e com itens brancos ao redor da cintura, e pediram para as pessoas ao redor se afastarem, devido a uma ameaça de bomba, de acordo com vídeos feitos por pessoas no local. Posteriormente, as forças de segurança realizaram uma explosão controlada no carro do alegado atacante, declarado morto.
A Polícia, que considerou o episódio um "incidente terrorista", deteve duas pessoas. O comissário assistente da unidade antiterrorismo, Laurence Taylor, informou ainda que acredita saber a identidade do agressor, mas não revelou "por razões de segurança". As autoridades, que inicialmente reportaram quatro vítimas feridas, atualizaram o balanço para pelo menos duas pessoas mortas e três feridas graves.
Uma vizinha da sinagoga, Chava Lewin, contou aos média britânicos que o veículo em que se deslocava o atacante já circulava de forma errática antes de atingir os portões do local de culto. "Assim que saiu do carro, começou a esfaquear qualquer pessoa que estivesse perto. Atacou o segurança e tentou invadir a sinagoga", contou a testemunha, citada pela agência Reuters. "Alguém barricou a porta. Estão todos em choque", completou.
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Starmer lamenta
"Estou chocado com o ataque a uma sinagoga em Crumpsall", sublinhou o primeiro-ministro britânico, que referiu o nome do bairro onde a agressão aconteceu. "O facto de isto ter ocorrido no Yom Kippur, o dia mais sagrado do calendário judaico, torna tudo ainda mais horrível", frisou Keir Starmer, acrescentando que polícias adicionais foram destacados para outras sinagogas do país. "Faremos tudo para manter a nossa comunidade judaica segura", prometeu o chefe de Governo, que antecipou o regresso da Dinamarca.
O rei Carlos III ficou "profundamente chocado e triste por saber do terrível ataque". A embaixada israelita no Reino Unido condenou o "abominável e profundamente angustiante" episódio.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, salientou que "o ódio, o antissemitismo e a violência não têm lugar na sociedade", enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu o combate ao antissemitismo "em todas as suas formas".
O secretário-geral da ONU classificou o "ataque terrorista mortal" como "hediondo". "Os locais de culto são locais sagrados onde as pessoas podem encontrar paz", ressaltou António Guterres.
Dia mais sagrado do judaísmo
O ataque em Manchester aconteceu num momento em que a sinagoga estava cheia, já que esta quinta-feira é o dia mais sagrado no calendário judaico. No Yom Kippur, um dia de jejum e expiação em que o trabalho é proibido, acredita-se que Deus define o destino de cada pessoa para o próximo ano.
A segurança nos locais de culto é tradicionalmente reforçada nesta data. Um ataque a tiro numa sinagoga em Halle, na Alemanha, a 9 de outubro de 2019, que provocou duas mortes, ocorreu também no Yom Kippur.