Mísseis e drones russos atingiram blocos de apartamentos na capital ucraniana, Kiev, na madrugada desta quinta-feira, matando 17 pessoas, incluindo quatro menores. Presidente Volodymyr Zelensky aponta claro desrespeito de Moscovo às negociações de paz. Edifício da delegação europeia ficou danificado. António Costa diz que "a UE não se deixará intimidar".
Corpo do artigo
O balanço provisório continua a aumentar: os números mais recentes dos serviços de emergência confirmam a morte de 17 pessoas e dez continuam desaparecidas, há ainda 38 feridos. Pelo menos 20 locais em sete distritos de Kiev foram afetados e quase cem edifícios ficaram danificados, incluindo um centro comercial, no "ataque maciço" da Rússia esta madrugada. O chefe da administração militar da capital, Tymour Tkatchenko, adiantou que entre as vítimas mortais há quatro menores [três têm dois, 14 e 17 anos]. Sexta-feira será dia de luto, anunciou o presidente da câmara, Vitali Klitschko.
Moscovo lançou 629 drones e mísseis - 598 drones, 11 mísses balísticos e 20 de cruzeiro - contra o território ucraniano.
Ao amanhecer, residentes e trabalhadores dos serviços de emergência estavam a limpar os escombros das ruas, repletas de vidros partidos e destroços de construção, segundo observou um jornalista da agência AFP no local de um dos ataques no centro de Kiev.
Foto: Genya SAVILOV / AFP
Foto: Serviços de Emergência da Ucrânia/AFP
Foto: Genya SAVILOV / AFP
O ataque abriu uma cratera de cinco andares num prédio de apartamentos, dividindo o edifício em dois, segundo imagens publicadas pelo presidente Volodymyr Zelensky.
Right now in Kyiv, first responders are clearing the rubble of an ordinary residential building after a Russian strike. Another massive attack against our cities and communities. Killings again. Tragically, at least 8 people have already been confirmed dead. One of them is a... pic.twitter.com/aukkujC9ji
- Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 28, 2025
"A Rússia prefere a balística em vez da mesa de negociações. Prefere continuar a matar em vez de acabar com a guerra", afirmou Zelensky nas redes sociais. "Isto significa que a Rússia continua a não temer as consequências", frisou.
"Esperamos uma reação da China ao que se está a passar", exigiu o Presidente ucraniano, referindo que Moscovo tem ignorado até agora os apelos de Pequim.
O líder espera também uma reação da Hungria e de todos aqueles que "permanecem em silêncio", apesar de terem apelado à paz no passado.
Pediu ainda a aplicação de novas sanções contra a Rússia, de forma a responsabilizá-la, uma vez que "todos os prazos expiraram, dezenas de oportunidades de diplomacia foram arruinadas".
Foto: Genya SAVILOV / AFP
Costa "horrorizado", edifício da UE danificado
A representante da UE na Ucrânia, Katarina Mathernova, indicou que o edifício da delegação tinha sido "gravemente danificado pela onda de choque" de uma explosão do ataque russo.
António Costa, presidente do Conselho Europeu, disse estar "horrorizado" com o ataque e garantiu que "a UE não se deixará intimidar. A agressão da Rússia apenas reforça a nossa determinação em apoiar a Ucrânia e o seu povo".
"Os meus pensamentos estão com as vítimas ucranianas e também com o pessoal da delegação da UE, cujo edifício foi danificado neste ataque deliberado da Rússia", escreveu no X.
Costa publicou uma fotografia do interior de um escritório com as janelas destruídas, o teto parcialmente caído e detritos espalhados pelo chão.
Horrified by yet another night of deadly Russian missile attacks on Ukraine.
- António Costa (@eucopresident) August 28, 2025
My thoughts are with the Ukrainian victims and also with the staff of @EUDelegationUA, whose building was damaged in this deliberate Russian strike.
The EU will not be intimidated. Russia"s aggression... pic.twitter.com/SZNeN31IOo
Ao início da madrugada (2 horas em Portugal continental), foi emitido um alerta aéreo para todo o território ucraniano.
Para além dos ataques na capital, a companhia ferroviária ucraniana relatou um "forte ataque" russo, que causou cortes de energia na região de Vinnytsia (centro), provocando atrasos nos comboios.
Os ataques na Ucrânia e na Rússia têm continuado nos últimos dias, apesar da intensa atividade diplomática para tentar pôr fim ao conflito desencadeado em fevereiro de 2022 pela invasão russa.
O exército russo, que ocupa cerca de 20% da Ucrânia, no leste e no sul, acelerou o avanço no terreno nos últimos meses, beneficiando do enfraquecimento da resistência ucraniana, com menos efetivos e menos bem equipada.
Pela primeira vez na passada terça-feira, a Ucrânia reconheceu que soldados russos entraram na região de Dnipropetrovsk (centro-leste), onde Moscovo já reivindicava avanços desde julho.