A presidente da Comissão Europeia disse esta quinta-feira "estar indignada" com o ataque russo "nas proximidades" do escritório da delegação da UE em Kiev, prometendo novas "sanções severas" à Rússia e "apoio inabalável" à Ucrânia. Condenação sublinhada por vários líderes europeus.
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"Estamos a manter a pressão máxima sobre a Rússia e isso significa reforçar o nosso regime de sanções - em breve apresentaremos o nosso 19.º pacote de severas sanções e, paralelamente, estamos a avançar com o trabalho sobre os ativos russos congelados para contribuir para a defesa e reconstrução da Ucrânia", disse Ursula von der Leyen.
Numa curta declaração sem perguntas à imprensa em Bruxelas, a líder do executivo comunitário reagiu aos bombardeamentos desta madrugada em Kiev, e garantiu que a UE vai continuar a prestar um "apoio forte e inabalável à Ucrânia, vizinha, parceira, amiga e futuro membro" dos 27.
"Este foi o ataque com drones e mísseis mais mortífero à capital desde julho e [...] foi também um ataque à nossa delegação, [mas] estou aliviada por nenhum dos nossos funcionários ter ficado ferido", observou.
"Dois mísseis atingiram uma distância de 50 metros da delegação em 20 segundos e isto é mais um lembrete sombrio do que está em jogo. Mostra que o Kremlin não vai parar por nada para aterrorizar a Ucrânia, matando cegamente civis, homens, mulheres e crianças, e até mesmo visando a União Europeia", relatou Ursula von der Leyen.
Kaja Kallas, alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, acusou a Rússia de deliberadamente intensificar o conflito na Ucrânia e ridicularizar os esforços de paz em curso. "Enquanto o mundo procura um caminho para a paz, a Rússia responde com mísseis", escreveu no X.
"O ataque noturno a Kiev mostra uma escolha deliberada de intensificar e ridicularizar os esforços de paz. A Rússia deve parar com as mortes e negociar", acrescentou.
"Uma missão diplomática jamais deve ser um alvo. Em resposta [ao bombardeamento] chamámos o enviado russo para Bruxelas", escreveu a alta representante da UE.
A representante da UE na Ucrânia, Katarina Mathernova, indicou que o edifício da delegação europeia em Kiev ficou "gravemente danificado pela onda de choque" de uma explosão do ataque russo.
Também António Costa, presidente do Conselho Europeu, disse estar "horrorizado" com o ataque e garantiu que "a UE não se deixará intimidar. A agressão da Rússia apenas reforça a nossa determinação em apoiar a Ucrânia e o seu povo".
"Os meus pensamentos estão com as vítimas ucranianas e também com o pessoal da delegação da UE, cujo edifício foi danificado neste ataque deliberado da Rússia", escreveu no X.
Costa publicou uma fotografia do interior de um escritório com as janelas destruídas, o teto parcialmente caído e detritos espalhados pelo chão.
Horrified by yet another night of deadly Russian missile attacks on Ukraine.
- António Costa (@eucopresident) August 28, 2025
My thoughts are with the Ukrainian victims and also with the staff of @EUDelegationUA, whose building was damaged in this deliberate Russian strike.
The EU will not be intimidated. Russia"s aggression... pic.twitter.com/SZNeN31IOo
O mesmo aconteceu com o escritório do British Council, situado no centro de Kiev, não muito longe do edifício da missão da UE, indicou a AFP. O British Council ficará "fechado ao público até novo aviso", anunciou a organização britânica nas redes sociais.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de "sabotar" qualquer esperança de paz com a Ucrânia, depois deste ataque massivo.
"Putin está a matar crianças e civis e a sabotar as esperanças de paz. Este derramamento de sangue tem de acabar", defendeu numa publicação no X.
No mesmo sentido, o presidente francês Emmanuel Macron acusou a Rússia de demonstrar "terror e barbárie" por "deliberadamente" atacar áreas residenciais e infraestruturas civis. "629 mísseis e drones numa única noite sobre a Ucrânia: esta é a ideia de paz da Rússia", escreveu Macron numa mensagem no X.
Condenação também em Espanha, cujo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, disse que cada agressão russa na "guerra injusta" contra a Ucrânia é um "novo golpe contra a paz".
"O ataque a uma missão diplomática é uma nova violação flagrante do direito internacional", afirmou ainda, referindo-se à embaixada da UE.
Em Tallin, onde se encontrava na altura dos ataques, o chefe da diplomacia da Alemanha, Johann Wadephul, condenou Moscovo e disse que a atitude russa "não pode ficar sem consequências".
"Não temos ilusões sobre o grau em que a Rússia tenta destruir e ameaça a nossa segurança", declarou Waldephul numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo da Estónia, Margus Tsakhna.
