Segundo dia de conversações indiretas no Egito foi marcado por debate sobre mapas e libertação de prisioneiros. Israel e Hamas comentam efeméride dos ataques de 2023.
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As negociações indiretas entre Israel e o Hamas continuaram esta terça-feira. As discussões sobre o plano para terminar a guerra na Faixa de Gaza, onde mais de 67 mil pessoas foram mortas, ocorrem no aniversário de dois anos do ataque do movimento islamita ao Sul de Israel, que resultou em mais de 1200 mortes e no sequestro de 251 reféns.
Uma fonte próxima da equipa de negociação palestiniana revelou à agência France-Presse (AFP) que hoje foram debatidos "os mapas iniciais apresentados pelo lado israelita sobre a retirada das tropas, bem como o mecanismo e o calendário para a troca de reféns e prisioneiros". "O Hamas insiste em ligar o calendário para a libertação dos prisioneiros ao calendário das retiradas israelitas", sublinhou.
O grupo islamita quer também a libertação de conhecidos prisioneiros palestinianos, reportou a estação egípcia Al-Qahera News. Um dos nomes é de Marwan Barghouti, uma das lideranças do partido Fatah, preso desde 2002.
Um funcionário do gabinete do primeiro-ministro israelita afirmou ao jornal "The Times of Israel" que havia "otimismo, mas muita cautela". Disse ainda que o chefe da delegação hebraica, o ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, juntar-se-á às conversações presenciais em Sharm el-Sheikh.
Também integrarão as discussões o primeiro-ministro catari, Mohammed bin Abdul Rahman al-Thani, e as duas figuras americanas consideradas os arquitetos do plano atual - o enviado especial para o Médio Oriente, Steve Witkoff, e o genro de Donald Trump, Jared Kushner.
"Hipótese real" de paz
"Há uma hipótese real de podermos fazer alguma coisa", frisou o presidente dos EUA. "Creio que existe a possibilidade de termos paz no Médio Oriente. É algo que vai para além da situação em Gaza. Queremos a libertação dos reféns no imediato", acrescentou Trump.
"Vivemos dias fatídicos e decisivos", afirmou o líder de Telavive, durante o discurso em memória dos dois anos do 7 de outubro. Benjamin Netanyahu exigiu o regresso dos reféns, o fim da governação do Hamas e a garantia de que Gaza não representará uma ameaça. Já a organização islamita declarou que o ataque foi uma "resposta histórica às tentativas de erradicação da causa palestiniana".
Em Israel, as manifestações tiveram como foco os reféns e os mortos há dois anos. "É como uma ferida aberta, os reféns, nem acredito que já passaram dois anos e ainda não estão em casa", lamentou Hilda Weisthal, de 43 anos, à agência Reuters. "O meu sonho é que a guerra acabe agora, e não amanhã", disse à AFP, em Gaza, Abeer Abu Said, de 21 anos, que perdeu sete familiares.
Declarações de líderes internacionais
Guterres quer esperança
O secretário-geral da ONU apelou à libertação dos reféns "incondicional e imediatamente" e ao fim das hostilidades. "Após dois anos de trauma, devemos escolher a esperança. Agora", frisou.
Sánchez fala em genocídio
O primeiro-ministro espanhol condenou o "terrorismo em todas as suas formas" e pediu a libertação dos reféns. Pedro Sánchez exigiu que Netanyahu "pare com o genocídio" e "abra um corredor humanitário".
Merz critica antissemitismo
O chanceler alemão apelou à libertação dos reféns e alertou para uma "nova onda de antissemitismo" no país. "Estou profundamente preocupado", acrescentou Friedrich Merz.