Cerca de um milhão de pessoas estão concentradas em Al-Mawasi e Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, para onde o exército israelita dirigiu as deslocações forçadas da população, anunciaram este sábado as autoridades locais.
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O Governo do grupo extremista Hamas disse que cerca de 900 mil pessoas permaneciam na cidade de Gaza (norte), onde o exército israelita tem em curso uma ofensiva terrestre para tomar a principal urbe do território.
As forças israelitas têm ordenado aos palestrinianos para que saiam do norte em direção ao sul, embora tenham disponibilizado para o efeito a estrada Rashid, junto à costa, causando grandes constrangimentos às pessoas em fuga.
Muitas pessoas já fugiram de sul para norte desde que Israel iniciou a ofensiva na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, depois de ter sofrido um ataque do Hamas.
"Atualmente, [a zona] alberga aproximadamente um milhão de pessoas", disseram as autoridades de Gaza num comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Uma porta-voz do Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) disse na sexta-feira que as estimativas sobre o número de deslocados nos campos do sul ainda estavam a ser atualizadas.
Entre a população palestiniana, o termo Al-Mawasi é utilizado de forma alargada para descrever toda a faixa costeira onde se concentram os deslocados, incluindo as praias de Khan Yunis e de Deir al-Balah, no centro do território.
O Governo de Gaza denunciou que, apesar de Israel ter classificado as praias entre Al-Mawasi e Khan Yunis como "zona humanitária", estas foram bombardeadas em mais de 110 ocasiões, causando cerca de duas mil mortes.
Um ataque israelita contra uma tenda em Al-Mawasi matou duas crianças de 10 e seis anos na sexta-feira, disse à EFE o chefe de pediatria do Hospital Nasser, Ahmed Al Farra.
As autoridades locais disseram que as zonas onde se concentram os deslocados "carecem por completo de artigos de primeira necessidade".
"Não há hospitais, infraestruturas nem serviços essenciais como água, alimentos, refúgio, eletricidade ou educação, o que torna quase impossível viver ali", disse o governo do Hamas.
Em junho, a ONU admitia que Al-Mawasi já acolhia mais de 425 mil deslocados.
A área tem cerca de 14 quilómetros de comprimento por um de largura e, na altura, a densidade populacional rondava as 47.700 pessoas por quilómetro quadrado.
Antes da guerra, Gaza já era considerada uma das zonas mais densamente povoadas do mundo, com 5.500 pessoas por quilómetro quadrado, segundo um relatório das Nações Unidas publicado em 30 de junho.
O exército israelita tem bombardeado nos últimos dias a cidade de Gaza e prossegue com uma ofensiva terrestre destinada a deslocar a população para o sul.
As autoridades de saúde locais disseram que 14 pessoas morreram durante a noite em bombardeamentos israelitas contra Gaza, segundo a agência de notícias norte-americana The Associated Press (AP).
O diretor-executivo do Hospital Shifa, Rami Mhanna, para onde alguns dos corpos foram levados, disse que entre os mortos estavam seis pessoas da mesma família, após um ataque ter atingido a casa em que viviam hoje de madrugada.
As vítimas eram familiares do diretor do hospital, Mohamed Abu Selmiya, disse Mhanna.
Selmiya foi libertado por Israel em julho de 2024, depois de ter estado detido durante sete meses sob a acusação de o Hospital Shifa ter servido como centro de comando do Hamas sob a sua direção.
As forças armadas de Israel não responderam imediatamente às perguntas sobre os ataques, segundo a AP.
Uma comissão independente da ONU, relatores de direitos humanos, organizações não-governamentais e um número crescente de países classificam como genocídio a ofensiva israelita sobre a Faixa de Gaza, que já provocou mais de 65.200 mortos palestinianos.