Avião colide com barreira ao aterrar na Coreia do Sul. Há 179 mortos, cinco são crianças
Um avião com 181 pessoas a bordo colidiu com uma barreira de betão no aeroporto de Muan, na Coreia do Sul, durante uma aterragem de emergência e ficou totalmente destruído. Há apenas dois sobreviventes e as autoridades já confirmaram a morte das restantes 179 pessoas. Entre as vítimas mortais estão cinco crianças.
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O voo 7C2216 da Jeju Air, um Boeing 737-8AS, proveniente de Banguecoque, transportava 175 passageiros, incluindo dois cidadãos tailandeses, e seis tripulantes. Segundo as autoridades, o passageiro mais novo era um rapaz de três anos e o mais velho tinha 78 anos. Muitos dos viajantes estariam a regressar à Coreia do Sul, depois de passar o Natal na Tailândia.
Segundo a agência de notícias pública sul-coreana Yonhap, as equipas de emergências conseguiram resgatar dois sobreviventes. Dois membros da tripulação foram resgatados da cauda da aeronave e transportados para um local seguro. Estão conscientes e não correm risco de vida, tendo sofrido ferimentos "médios a graves", segundo as autoridades.
Todas as restantes 179 pessoas a bordo, 175 passageiros e quatro tripulantes, morreram no incêndio após a colisão, segundo a última atualização do número oficial de vítimas. Destes, 88 já foram identificados. A agência de bombeiros sul-coreana tinha informado anteriormente que foram recuperados os corpos de 84 mulheres, 82 homens e 11 pessoas cujos sexos estavam por apurar. Entre as vítimas mortais, cinco são crianças com menos de 10 anos, confirmaram as autoridades.
Foi instalada uma morgue temporária no aeroporto, com as autoridades a trabalhar com as famílias para organizar a transferência das vítimas identificadas para instalações externas. O presidente em exercício do país, Choi Sang-mok, ordenou que fossem feitos todos os esforços possíveis nas operações de resgate após o acidente.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia confirmou em comunicado a presença de dois cidadãos no avião e disse que o país está em contacto com Seul. Nikorndej Balankura instou os familiares destes dois cidadãos a telefonar para a embaixada tailandesa em Seul para receber mais informações.
O avião ficou “quase completamente destruído” e os passageiros e tripulantes tiveram “poucas hipóteses de sobreviver”, segundo o relato dos bombeiros envolvidos nas operações de socorro. “Os passageiros foram ejetados do avião quando este colidiu com uma barreira, deixando-os com poucas hipóteses de sobrevivência”, foi explicado durante uma reunião com familiares das vítimas.
“O avião está quase totalmente destruído e a identificação dos falecidos está a ser difícil”, acrescentou.
O avião despenhou-se por volta das 9.07 horas (00.07 em Portugal continental) ao aterrar no aeroporto da cidade de Muan, no sul da Coreia do Sul, a cerca de 290 quilómetros da capital, Seul.
De acordo com a polícia e bombeiros, o avião colidiu com uma vedação de betão e incendiou-se. As autoridades aeroportuárias disseram que o avião estava a tentar uma aterragem forçada, após uma primeira tentativa ter falhado, devido a uma avaria do trem de aterragem.
No entanto, o avião não terá conseguido reduzir a velocidade até chegar ao fim da pista, o que provocou a colisão com a vedação e o incêndio.
"Quando acordei já tinha sido resgatado"
Um dos sobreviventes está acordado e responsivo no hospital, segundo avançou a agência Yonhap. O tripulante de 33 anos, conhecido por Lee, era assistente de bordo do avião.
"Quando acordei já tinha sido resgatado", disse Lee aos médicos no hospital. O diretor do hospital, Ju Woong, garantiu que está totalmente capaz de comunicar e não tem qualquer indício de perda de memória ou algo do género.
Lee encontra-se nos cuidados intensivos após ter sido diagnosticado com múltiplas fraturas e risco de paralisia.
Possível colisão com aves
O chefe do corpo de bombeiros de Muan, Lee Jeong-hyun, disse que a queda se deveu provavelmente a uma colisão com um pássaro, combinada com condições meteorológicas adversas. Segundo a Yonhap, os controladores de tráfego aéreo alertaram a aeronave para o risco de colisão com aves minutos antes do acidente, e um dos tripulantes sobreviventes terá mencionado uma colisão com aves após ser resgatado.
De acordo com os dados apresentados ao parlamento pela Korea Airports Corporation, o aeroporto registou a maior taxa de colisões com aves, entre os 14 aeroportos regionais da Coreia do Sul, com 10 incidentes reportados entre 2019 e agosto deste ano.
De acordo com o Ministério dos Transportes da Coreia do Sul, foram recuperadas as duas caixas negras dos destroços: o gravador de voz da cabine às 11.30 e o gravador de dados de voo às 14.24. Oito investigadores de acidentes aéreos e nove inspetores de segurança aérea estão a realizar investigações iniciais no local.
Uma das caixas ficou parcialmente danificada, podendo atrasar o apuramento das causas do acidente. Segundo a agência Yonhap, pode ser necessário um mês para a conseguir descodificar. Caso não seja possível fazê-lo internamente, a caixa terá de ser enviada para o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos, onde chegam caixas negras de todo o mundo para analisar, o que pode atrasar ainda mais o processo.
Sete dias de luto nacional
Mais de 1500 pessoas foram mobilizadas para a operação de resgate e recuperação, incluindo 490 bombeiros, 455 polícias e 340 militares.
Todos os voos que chegariam ao aeroporto de Muan este domingo foram cancelados, informou esta manhã a Korea Airports Corporation. A pista do aeroporto permanecerá encerrada até às 5 horas do dia 1 de janeiro de 2025, embora o horário possa ser ajustado.
O presidente interino da Coreia do Sul, Choi Sang-mok, declarou um período de luto nacional até 4 de janeiro. “Estendemos as nossas mais profundas condolências e simpatia às famílias enlutadas daqueles que perderam as suas vidas nesta tragédia inesperada”, disse. As bandeiras nos escritórios do governo serão arriadas e os funcionários públicos usarão fitas pretas, noticiou a BBC. O incidente é o primeiro grande teste para Choi, que assumiu o cargo na sexta-feira, após a destituição do anterior presidente, Han Duck-soo.
A Jeju Air recusou comentar a causa do acidente durante as conferências de imprensa, reforçando que está em curso uma investigação. De acordo com as regras globais da aviação, a Coreia do Sul vai conduzir uma investigação e envolverá automaticamente o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos, onde o avião foi construído.
Este é o acidente aéreo mais mortífero ocorrido na Coreia do Sul. A última vez que a Coreia do Sul sofreu um desastre aéreo de grande escala foi em 1997, quando um avião da companhia aérea sul-coreana Korean Airline se despenhou no território norte-americano de Guam, matando as 228 pessoas a bordo.