Bolsonaro fala em "sentimento de injustiça" e diz que sonhos "seguem mais vivos do que nunca"
Numa curta declaração no Palácio da Alvorada, em Brasília, Jair Bolsonaro agradeceu aos eleitores e garantiu que os seus sonhos "seguem mais vivos do que nunca".
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Dois dias depois de sair derrotado das eleições presidenciais, Bolsonaro falou aos brasileiros, reconhecendo entender "o sentimento de injustiça" que envolve todo o ato eleitoral. Sem falar em derrotas e sem endereçar qualquer palavra a Lula da Silva, disse apenas que continuará a cumprir os mandamentos da Constituição.
"Quero começar por agradecer aos 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30", frisou, realçando que "as manifestações pacíficas sempre são bem-vindas", ainda que os métodos usados não possam ser "os da esquerda", que "sempre prejudicaram a população".
Num balanço pelos últimos anos no poder, recordou que "mesmo enfrentando o sistema", foi possível "superar a pandemia e as consequência de uma guerra", sublinhando que a "robusta representação no Congresso mostra a força dos valores: Deus, pátria, família e liberdade".
"Os nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca", assegurou o presidente em exercício. Jair Bolsonaro lamentou ainda o facto de ser frequentemente "rotulado como antidemocrático", afirmando que, ao contrário dos que o atacam, sempre jogou "dentro das quatro linhas da Constituição". "Nunca falei em controlar os media ou as redes sociais", frisou.
Por fim, garantiu que continuará a liderar "milhões de brasileiros" defensores "da honestidade e das cores verde e amarela da bandeira" nacional.
De referir que várias estradas brasileiras continuam obstruídas por camionistas pró-Bolsonaro, com mais de 200 pontos de obstrução em vias rodoviárias. Os protestos decorrem desde domingo.
Numa tentativa de restaurar a normalidade, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, Alexandre de Moraes, ordenou à Policia Rodoviária ações imediatas para desobstruir os bloqueios de estradas, que afetaram 25 dos 27 estados daquele país sul-americano.
Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava obter um novo mandato de quatro anos.
Ministro da Casa Civil autorizado a iniciar transição
O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, revelou entretanto ter recebido autorização de Bolsonaro para iniciar o processo de transição da presidência.
"O presidente Jair Bolsonaro autorizou-me. Quando for provocado, com base na lei, nós iniciaremos o processo de transição", disse Ciro Nogueira, no Palácio da Alvorada, depois do curto discurso do chefe de Estado derrotado.