Ana Paula Costa, investigadora do IPRI-Universidade Nova de Lisboa, é também vice-presidente da Casa do Brasil em Lisboa. Deste lado do Atlântico, Ana Paula Costa observa uma "campanha mais acirrada" e o "assédio eleitoral".
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Que tendências verifica na campanha a uma semana da segunda volta das eleições?
Na segunda volta, a campanha ficou mais acirrada entre Lula e Bolsonaro, como era se esperar dado que os outros candidatos saíram de cena. O uso das rede sociais para a campanha eleitoral intensificou-se, tanto por parte dos candidatos como por parte dos apoiantes. Com isso, também aumentou a desinformação, sobretudo, as fake news, facto que tem levado a uma maior atuação da justiça eleitoral para combater atos ilícitos. Além disso, outra tendência é o aumento do assédio eleitoral, neste caso mais verificado nos apoiantes de Bolsonaro, tanto empregadores como religiosos, que têm coagido alguns eleitores a votar neste candidato.
A maioria das sondagens dá vantagem a Lula, mas também assinala a aproximação de Bolsonaro. E há pesquisas que até indicam empate técnico....
A decisão está bastante dividida. Basta olharmos também para a taxa de rejeição de ambos os candidatos. No caso do Brasil, o cenário é completo. Se, por um lado, o candidato que sai em primeiro lugar na primeira volta, isto é, o prefeito, costuma ganhar as eleições, por outro lado, o candidato que ocupa a cadeira presidencial e visa à reeleição também tem mais vantagens, porque pode mobilizar a máquina do Estado. Nesse sentido, Bolsonaro tem crescido nas pesquisas ao disponibilizar antecipadamente apoios sociais para a população, como o "Auxílio Brasil", além de intensificar as bases de apoio.
O que será mais importante para os candidatos: a fidelidade do eleitorado ou a taxa de rejeição dos indecisos?
Penso que ambos os indicadores serão importantes nestas eleições. A diferença é que a fidelidade do eleitorado é mais estável e a taxa de rejeição poderá variar mais nos próximos dias, conforme o desempenho das campanhas.
Lula já rejeitou um debate televisivo na sexta-feira, na SBT, e também não vai ao que estava marcado para este domingo, na Record TV. Como interpreta esta decisão de líder do PT?
Os debates eleitorais são fundamentais para a democracia, mas infelizmente, nestas eleições, ideias e programas não têm sido discutidas. Isto aconteceu porque a situação política e democrática é muito frágil atualmente.