A uma semana da segunda volta das eleições, sondagens mantêm em aberto todas as expectativas.
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Reta da meta para Lula da Silva e Jair Bolsonaro. À entrada da curva que antecede a última semana da campanha para a segunda volta das eleições presidenciais (domingo, 30), o candidato do PT ainda vai à frente das intenções de voto dos brasileiros, mas as mesmas sondagens assinalam uma aproximação do incumbente e há até pesquisas que verificam um empate técnico.
Destes estudos de opinião, fracassados na primeira volta, ressalta também muito do suspense que há de permanecer até que não sobre por contar nem uma das escolhas dos 156 milhões brasileiros chamados a eleger o presidente.
Mais do que o sprint final de uma corrida de fundo, os últimos dias da campanha assemelham-se a uma luta de MMA, o "vale-tudo", como lhe chamam no Brasil. Precisamente, ainda no início desta semana, os candidatos estiveram frente-a-frente num debate televisivo: não chegaram a vias de facto, mas valeu mesmo tudo, entre acusações e insultos de toda a ordem, num terreno que comentadores e politólogos consideraram amplamente favorável a Bolsonaro.
Por isso mesmo, Lula bateu em retirada dos estúdios: recusou o debate que estava já combinado para a noite de sexta-feira, na SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) e também renunciou ao duelo que estava agendado para este domingo, na Record TV; em ambos os casos, a confrontação dos candidatos foi substituída por uma "coletiva" de jornalistas ante Bolsonaro.
Lula prefere as arruadas, em ambiente controlado e em território mais favorável, em contacto com o povo, onde acha que pode seduzir o voto dos "perplexos", como no Brasil chamam aos indecisos, a fatia de eleitores (rente a 30%, segundo as mesmas sondagens) que desde a primeira hora hesitam a quem dar primazia.
As contas finais far-se-ão, também, com o nível de mobilização dos cerca de 30 milhões de abstencionistas da primeira volta e com a migração do eleitorado dos restantes candidatos, designadamente dois outros dois mais votados, Simone Tebet (4,2%), mais próxima de Lula, e Ciro Gomes (3,6%), rival sem tréguas do líder do PT.
Para já, as sondagens prestam-se a tudo. A maioria delas mantêm o antigo presidente (2003 a 2010) destacado para um terceiro mandato, com vantagens a rondar os 5%. A pesquisa do Instituto Datafolha atribui a Lula da Silva 53% das intenções de voto (47% a Bolsonaro) e uma amostra divulgada pelo "Estadão" assinala "empate técnico", porque a diferença de 52-48 pode ser superada pelos 3% da margem de erro admitida pela recolha.
Voto a voto, Lula e Bolsonaro procuram todos os apoios possíveis, incluindo entre fações religiosas que não lhes estão prometidas à partida: o presidente, que passou toda a primeira volta em romaria pelos templos evangélicos, não hesitou a ir a missas católicas; e o antigo presidente também não deixou de fazer campanha e de captar promessas entre os evangélicos.
Segunda tentativa
Jair Messias Bolsonaro, de 67 anos, concorre à Presidência da República pela segunda vez. Em 2018, foi eleito à segunda volta, com 57,8 milhões de votos (55,13%).
A sexta vez
Lula da Silva governou o Brasil em dois mandatos, entre 2003 e 2011. Concorre pela sexta vez. A primeira eleição do ex-metalúrgico ocorreu à quarta tentativa, nas eleições presidenciais de 2002, contra José Serra.