Soldados da missão de paz da ONU em Chipre foram atacados, esta sexta-feira, quando tentavam bloquear a construção de uma estrada não autorizada na parte norte da ilha, na zona tampão que separa a parte grega da parte turca.
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As Nações Unidas (ONU) tinham avisado que iriam intervir para impedir que continuassem as obras da estrada de ligação entre as localidades de Pylas e Arsos, originando uma concentração de pessoas na parte turco-cipriota que reivindicavam o direito das autoridades locais de construir a via.
A missão de manutenção de paz da ONU em Chipre (UNFICYP, na sigla em inglês) afirmou que houve agressões contra os seus efetivos (também conhecidos como 'capacetes azuis') e danos em veículos da organização, com o jornal Cyprus Mail a indicar que três operacionais ficaram feridos.
"As ameaças à segurança das forças de paz da ONU são inaceitáveis e constituem um grave delito, de acordo com o direito internacional", declarou a força das Nações Unidas, apelando às autoridades responsáveis pela parte norte da ilha para que respeitem o mandato dos 'capacetes azuis' e evitem qualquer ação que possa elevar a tensão.
Concretamente, pedem a retirada imediata do material e dos trabalhadores destacados para as obras na via rodoviária.
O Governo cipriota condenou em comunicado o "ataque inaceitável", identificando os militares feridos como britânicos e eslovacos e considerando que se tratou de "incidentes organizados".
A União Europeia (UE) também condenou o ataque contra soldados da missão de paz da ONU em Chipre, perpetrado esta sexta-feira por cipriotas turcos, e apelou ao respeito pelo trabalho das Nações Unidas naquela região. "A UE condena o ataque contra a missão das Nações Unidas em Chipre por pessoas do lado cipriota turco. Exortamos esse lado a respeitar a autoridade da missão naquela zona", escreveu o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, na rede social X (antigo Twitter).
Chipre está dividida em duas partes desde que o exército turco ocupou o norte da ilha em 1974, controlando mais de um terço do território, após um golpe de Estado instigado pela junta militar que governava a Grécia.
Em 1983, os turcos-cipriotas proclamaram a República Turca do Norte de Chipre, que apenas Ancara reconhece.
As Nações Unidas garantem a segurança na zona que separa os dois territórios, ao mesmo tempo que promove um processo de reunificação, que até hoje não produziu resultados.