Casa Branca antevê mais discussões sobre pontos "sensíveis mas não insuperáveis" do acordo de paz

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt
Foto: Will Oliver/EPA
A presidência norte-americana indicou, esta terça-feira, que haverá mais discussões para resolver "pontos sensíveis mas não insuperáveis" na direção de um acordo de paz para o conflito entre Rússia e Ucrânia.
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A porta-voz da Casa Branca assinalou, na rede social X, que foram obtidos "progressos tremendos" na última semana nos esforços de Washington para voltar a sentar as partes na mesa das negociações.
"Alguns detalhes sensíveis, mas não insuperáveis, ainda precisam de ser resolvidos, o que exigirá novas discussões entre a Ucrânia, a Rússia e os Estados Unidos", disse Karolina Leavitt, sem fornecer mais detalhes.
Hoje foi também referido pelas autoridades norte-americanas que as conversações entre o secretário do Exército, Dan Driscoll, que se juntou recentemente aos negociadores dos Estados Unidos no tema da Ucrânia, e uma delegação russa também estão a progredir.
"As conversações estão a correr bem e continuamos otimistas", disse o porta-voz do governante, Jeff Tolbert, dando conta das discussões que decorrem em Abu Dhabi desde a noite de segunda-feira.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha dado na semana passada um prazo até quinta-feira (dia 27 de novembro) ao homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para responder ao seu plano de paz de 28 pontos, o que levou à realização de contactos urgentes entre as principais lideranças europeias, de Kiev e Washington.
No rescaldo destas reuniões, realizadas no domingo, ucranianos e norte-americanos afirmaram que um futuro acordo de paz deveria respeitar a soberania da Ucrânia, após uma primeira versão da proposta tornada pública contemplar a maior parte das exigências russas, incluindo cedências territoriais a Moscovo, redução do exército ucraniano e impedimento da adesão de Kiev à NATO.
O plano de 28 pontos foi posteriormente reduzido e Trump pareceu satisfeito com o resultado das negociações com europeus e ucranianos, declarando na sua rede social Truth Social que "algo de bom pode acontecer".
Kiev espera agora "organizar a visita de Zelensky aos Estados Unidos o mais rapidamente possível, em novembro, para finalizar os restantes passos e chegar a um acordo com o presidente Trump", segundo o secretário do Conselho de Segurança da Ucrânia, Rustem Umerov.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, comentou hoje por sua vez que Moscovo aguardava que os Estados Unidos apresentassem a nova versão da sua proposta.
"Tomámos conhecimento de um plano europeu que, à primeira vista, não é nada construtivo e é inaceitável para nós", declarou na segunda-feira Yuri Ushakov, conselheiro diplomático do presidente russo, Vladimir Putin.
Os países da Coligação dos Dispostos, que reúne os principais aliados de Kiev, têm uma reunião agendada para hoje por videoconferência.
A par da atividade diplomática para uma saída para o conflito, a Rússia continua a bombardear intensivamente as infraestruturas energéticas da Ucrânia, com o registo de pelo menos sete mortes e 21 feridos em Kiev na última noite.
As forças ucranianas reclamaram pelo seu lado ataques contra o porto russo de Novosibirsk, no mar Negro, e uma unidade de reparação de aviões e outra de construção de drones em Rostov, no sul da Rússia, além de uma refinaria em Krasnodar.
Os ataques em Rostov deixaram três mortos e oito feridos, segundo as autoridades locais.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
