Centenas de milhares de catalães participaram, esta quinta-feira, na formação de um V gigante em Barcelona, como forma de reclamar o direito a votar no referendo sobre a autodeterminação da Catalunha, agendado para o próximo dia 9 de novembro.
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Duas das principais artérias da cidade, a Avenida Diagonal e a Gran Via, acolheram os numerosos manifestantes que, segundo a Guarda Urbana de Barcelona, alcançaram a cifra de 1,8 milhões. Na original concentração, organizada pela Assembleia Nacional Catalã, os participantes vestiram t-shirts vermelhas e amarelas, de maneira a formar também uma enorme "senyera" (a bandeira da Catalunha).
O momento mais esperado da tarde sucedeu quando o relógio marcou 17.14 horas, quando uma jovem nascida a 9 de novembro depositou, de forma simbólica, um voto numa urna em plena praça das Glòries, vértice onde confluíam as duas avenidas catalãs. A manifestação, que se estendeu por um total de 11 quilómetros, contou com a participação de alguns dos líderes políticos que defendem o direito a decidir do povo catalão. À exceção de Artur Mas, o governo da Generalitat marcou presença em peso, bem como representantes de partidos como Esquerda Republicana, Iniciativa por Catalunha ou CUP.
A celebração contou também com diversas homenagens aos falecidos em 1714 aquando da queda de Barcelona frente às tropas borbónicas durante a Guerra da Sucessão, efeméride que ontem assinalava precisamente o tricentenário.
Depois dos dois milhões de pessoas que marcharam em Barcelona pela independência em 2012, e do cordão humano que no ano passado percorreu todo o litoral da região (mais de 400 quilómetros), este é o terceiro ano consecutivo em que o dia da Catalunha culmina num desenlace histórico.
Os milhares de participantes na Diada deste ano reforçaram, assim, a pressão popular sob Artur Mas para que este leve adiante a determinação de celebrar o referendo sobre a independência. Por sua vez, o presidente da Generalitat garantiu ter "tudo pronto" para convocar a consulta popular, apesar da oposição do Governo central. "Neste momento, não falarei de outro cenário que não seja o de 9 de novembro" assegurou o responsável durante um dos primeiros atos de celebração do dia da Catalunha. Artur Mas aproveitou também a ocasião para criticar o "imobilismo" do presidente do Governo, Mariano Rajoy.