Região impôs restrições no consumo de água a seis milhões de pessoas. Autoridades declararam estado de emergência depois de 40 meses com níveis de chuva reduzidos.
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Depois de serem registados 40 meses de seca extrema, as autoridades da Catalunha ativaram o estado de emergência na região, o que impulsionou, a partir desta sexta-feira, uma série de restrições ao uso e ao consumo de água. Seis milhões de pessoas, que habitam em 202 cidades, incluindo Barcelona, estão proibidas de lavar as viaturas pessoais ou encher as piscinas de casa.
O presidente do Governo regional, Pere Aragonès, explicou que a Catalunha nunca passou por uma seca “tão longa e intensa”, tendo em conta os registos históricos, ou seja, desde 1916. A necessidade de implementar medidas para combater a conjuntura surgiu após os reservatórios caírem cerca de 16% da sua capacidade habitual, em consequência de “há três anos não chover como é preciso”, detalhou o responsável, citado pelo jornal espanhol “El Mundo.
O facto de os municípios não estarem todos em pé de igualdade quanto à gravidade do quadro da seca, levou as autoridades catalãs a determinar a divisão do estado de emergência em três fases. No nível de emergência I, o consumo de água é limitado a 200 litros por habitante por dia, na fase II a restrição é de 180 litros e no grau III, imposto em municípios onde a situação é mais crítica, o máximo são 160 litros por indivíduo. Ainda assim, de um modo geral, as autoridades querem que a população reduza o consumo de água em pelo menos 5%.
Além das imposições em relação à limpeza de veículos e ao enchimento de piscinas, as autoridades também decidiram suspender a utilização de chuveiros nas praias, bem como proibiram eventos recreativos, públicos ou privados, que envolvam o uso de água que possa ser própria para consumo humano, como pistas de gelo temporárias, festas de espuma, jogos aquáticos ou similares.
Os clubes de natação de competição serão, contudo, autorizados a encher parcialmente as piscinas cobertas, desde que apliquem medidas de compensação, como é o caso do encerramento dos chuveiros.
A limpeza de ruas e outros espaços urbanos com água potável está proibida, assim como a rega de jardins e zonas verdes, tanto públicos como privados. No que diz respeito ao setor agrícola, é pedida uma redução de 80% na utilização da água, na pecuária de 50% e na indústria de 25%.
Barcelona impõe multas
Apesar de não ser detalhado de que forma as autoridades vão monitorizar o cumprimento das novas regras, em Barcelona já há formas de perceber se as medidas estão a ser respeitadas, avança a agência Reuters. A cidade reduziu a pressão da água nos sistemas de abastecimento de alguns municípios e vai impor multas de até três mil euros a quem não acatar as restrições, embora não seja claro de que forma este controlo vai ser executado.
Também não foi esclarecido quanto tempo a população será sujeita a estas restrições. Em conferência de imprensa, o líder da Generalitat (como também é designado o Governo regional catalão) mostrou-se, ainda assim, confiante de que “a seca vai ser superada”, alertando que Espanha está perante “uma nova realidade climática”, sendo provável “que haja novas secas mais intensas”.
O Plano Especial de Seca da Catalunha foi ativado em 2021, tendo sido feitos diversos investimentos em dessalinizadoras, estações de tratamento de águas e modernização da rede de abastecimento pública, entre outros.