Cerca de metade das crianças refugiadas ucranianas em idade escolar não tem acesso à educação formal, enfrentando o terceiro ano de interrupção da educação devido à invasão do país pela Rússia, alertou a ONU.
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Num relatório divulgado em Genebra, Suíça, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) disse que 30% a 50% dos cerca de 5,9 milhões de refugiados ucranianos em toda a Europa são crianças.
"Apenas cerca de metade estavam matriculadas em escolas nos países de acolhimento para o ano letivo de 2022-2023", referiu o porta-voz do ACNUR, William Spindler.
As barreiras administrativas, jurídicas e linguísticas estão entre os fatores que contribuem para as baixas taxas de matrícula das crianças refugiadas, segundo o ACNUR.
Falta de informação sobre opções de ensino disponíveis, hesitação dos pais em matricular os filhos por esperarem regressar em breve à Ucrânia e incerteza quanto a uma eventual reintegração no sistema educativo ucraniano são outros dos fatores.
"Outro grande obstáculo é a falta de capacidade das escolas nos países de acolhimento", referiu o ACNUR num comunicado.
A agência da ONU disse recear que, se não forem tomadas medidas urgentes, centenas de milhares de crianças refugiadas ucranianas continuem a não ter acesso à educação este ano.
O ACNUR recomendou, por isso, a promoção da inclusão de crianças e jovens refugiados nos sistemas educativos nacionais europeus, e o aumento da capacidade das escolas.
Recomendou também que os pais recebam informações pormenorizadas sobre as opções de ensino e ligações ao sistema educativo ucraniano, e a disponibilização de opções educativas para os refugiados.
"Com a atual guerra em grande escala na Ucrânia, são necessários grandes esforços para evitar danos a longo prazo na aprendizagem, no potencial e nas perspetivas das crianças", defendeu o ACNUR.
Na Ucrânia, a interrupção da educação "continua a ser um problema importante, com cerca de cinco milhões de pessoas deslocadas internamente e escolas - entre outras infraestruturas civis críticas - destruídas", acrescentou.
Apesar da guerra em curso, as autoridades ucranianas procederam à abertura do ano letivo em 01 de setembro, disponibilizando aulas presenciais, à distância ou em formato híbrido para quase quatro milhões de alunos.
Em grandes cidades, foram construídos abrigos subterrâneos para permitir que os professores continuem as aulas em caso de alertas aéreos de possíveis bombardeamentos.
Segundo o chefe da administração presidencial ucraniana, Andrii Iermak, 3750 escolas foram destruídas "por mísseis e bombas russas" desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.