O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, defendeu esta sexta-feira a cônsul Lívia Acosta Noguera, expulsa dos Estados Unidos, depois de ter sido declarada "persona non grata", e anunciou o encerramento do consulado venezuelano em Miami.
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Que vergonha! Que bom que a expulsaram. Desde aqui a saúdo. É uma funcionária. Não há nenhuma prova, nem uma só prova, de que estava a fazer espionagem", disse.
O presidente da Venezuela falava no parlamento venezuelano durante uma sessão de apresentação da sua "memória e conta" de 2011, acto que foi transmitido em directo e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões do país.
"Alguém disse por aí, não o digo eu, que o primeiro grande espia de um país é o embaixador, são os embaixadores. Não são espias de verdade, cumprem uma tarefa de passar informações ao seu governo", disse.
Frisou que os embaixadores estrangeiros no país se reúnem e que ele, como chefe de Estado, "não está pendente do que fazem os senhores embaixadores", porque "eles são autónomos, têm imunidade diplomática".
Explicou que uma vez um adido militar americano que se reunia com militares, caiu numa armadilha colocada por alguns oficias venezuelanos, foi gravado e expulso do país, mas não para que aplaudissem o seu governo, "como ocorreu em Miami", pela "pressão dos sectores da ultra direita que lá estão", a quem atribuiu a expulsão da cônsul.
Hugo Chávez explicou que, seguindo um conselho do ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Nicolás Maduro, vai "encerrar o consulado", pelo que deixará de haver consulado venezuelano em Miami.
"Alguns recomendaram-me que devia expulsar alguém. Eu disse não. Não vamos responder como eles. Eu não tenho nenhuma razão para expulsar daqui a nenhum senhor cônsul dos Estados Unidos, que temos vários", frisou, questionando o ministro se havia provas de que algum cônsul americano estaria conspirando.
"Não há. Oxalá nunca haja. Eu não vou responder dessa maneira (...). O que vamos fazer é o encerramento administrativo do consulado enquanto estudamos a situação, porque é injusta e imoral a expulsão da senhora cônsul, que estava cumprir com a sua obrigação, simplesmente, com o seu trabalho como cônsul. Mas bem, isso é império", disse.
Chavez lamentou que alguns venezuelanos se façam eco deste tipo de medidas dos EUA, sem perceber que "não são contra a cônsul, [mas] contra a Venezuela", sublinhando que o mais grave é que alguns cidadãos do seu país tenham "o império na cabeça, o império por dentro".
A 8 de Janeiro último, os EUA declararam "persona non grata" a cônsul venezuelana em Miami e ordenaram a sua expulsão, porque, segundo um documentário recente do canal hispânico Univisión, seria cúmplice de um presumível projecto iraniano de atentados nos Estados Unidos.
Segundo a Univision, cadeia com sede em Miami, a diplomata teria participado na conspiração quando era segunda secretária da embaixada venezuelana no México em 2007. Os atentados, que poderiam ser acompanhados de ataques informáticos, visariam locais vitais para a segurança dos Estados Unidos, como centrais nucleares e o aeroporto Kennedy, em Nova Iorque.