Cientistas belgas investigam anticorpos dos lamas para neutralizar novo coronavírus
Um grupo de cientistas belgas chegou a resultados promissores com o uso de anticorpos dos lamas para neutralizar os coronavírus. Os investigadores da Universidade de Ghent repetiram a experiência com o SARS-CoV-2 e o resultado foi o mesmo.
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A experiência que utilizou os anticorpos dos lamas para combater os coronavírus SARS e MERS começou em 2016 com Winter, uma lama de quatro anos, que vive na Bélgica.
Os anticorpos da lama conseguiram travar as infeções respiratórias e o grupo de virologistas repetiu os testes com o novo coronavírus, responsável pela covid-19, conseguindo comprovar os mesmos resultados promissores.
No estudo, publicado esta terça-feira no jornal científico "Cell", os autores referem que os anticorpos podem servir "não só como reagentes úteis para investigadores que estudam os vírus que causam MERS, SARS e COVID-19, mas também como potencial para terapias candidatas".
"Ainda há muito trabalho a fazer para tentar trazer isto para a parte clínica", afirmou Xavier Saelens, virologista da Universidade de Ghent, ao "The New York Times".
A expectativa da equipa é que os anticorpos dos camelídeos (família dos lamas, camelos, dromedários e alpacas) possam ser usados em tratamentos profiláticos, através de vacinas administradas em quem ainda não está infetado com o novo coronavírus. No entanto, o efeito preventivo desse tratamento é de apenas um a dois meses e a segurança da injeção ainda não foi confirmada.
Os lamas têm sido alvo de estudo ao longo da última década para infeções como o HIV ou o vírus influenza, por produzirem dois tipos de anticorpos: um parecido ao que é produzido pelos humanos e outro cerca de 25% menor. É esse segundo tipo de anticorpos, pequenos, que os virologistas estudam e que pode impedir a passagem do vírus entre células.
De acordo com Xavier Saelens, esses anticorpos podem ser manipulados, ou combinados com anticorpos humanos, sem perderem a sua eficácia.