A eleição presidencial de terça-feira não irá eleger diretamente o novo residente da Casa Branca.
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Mais de 200 milhões de norte-americanos estão aptos para escolher o sucessor de Barack Obama, mas quem votar na terça-feira - a eleição presidencial tem de ser realizada na terça-feira seguinte à primeira segunda-feira de novembro - não irá eleger diretamente o novo residente da Casa Branca.
Nas eleições presidenciais, o voto vai para um Colégio Eleitoral, solução plasmada na Constituição e na 12.ª Emenda (adotada em 1804), que é constituído por 538 "grandes eleitores" representativos dos 50 estados norte-americanos (e da capital federal, Washington, que conta com três "grandes eleitores").
Cada estado tem direito a um determinado número de "grandes eleitores", distribuição que depende da população do estado e da sua representatividade no Congresso.
Por exemplo, a Califórnia, o estado mais populoso, tem 55 "grandes eleitores" no Colégio Eleitoral, enquanto Wyoming e Alasca têm só três, a representação mínima.
Cada voto num candidato contará para eleger estes "grandes eleitores" que compõem o Colégio Eleitoral e que depois irão escolher, estes sim, o futuro presidente.
O vencedor das presidenciais terá de conseguir, no mínimo, 270 dos 538 "grandes eleitores" (maioria simples), resultado que será conhecido na noite eleitoral. No entanto, o Colégio Eleitoral só irá eleger formalmente o presidente e o vice-presidente a 19 de dezembro.
Neste sistema eleitoral, o candidato mais votado poderá não ser o vencedor. Aliás, um candidato pode não conseguir um único voto em várias dezenas de estados e ainda assim ser eleito presidente.
Em 2000, George W. Bush foi eleito vencendo Al Gore, mas não foi o mais votado. Na altura, o democrata teve mais 543.895 votos do que o republicano, mas não conseguiu ganhar no Colégio Eleitoral.
Bush obteve 271 votos dos "grandes eleitores" contra os 266 de Gore (um "grande eleitor" absteve-se).
Este cenário é possível porque em quase todos os estados - menos Maine e Nebraska, que adotam uma atribuição proporcional - o candidato com mais votos arrecada todos os "grandes eleitores" daquele estado no Colégio Eleitoral.
É o caso da Califórnia, onde é suficiente uma vantagem de um voto para um candidato conquistar todos os 55 "grandes eleitores".
Nos EUA, o voto não é obrigatório e os cidadãos podem registar-se para votar a partir dos 18 anos. O país regista grandes níveis de abstenção. Em 2012, nas presidenciais, anteriores, foi de 45,13%.
O voto antecipado - por correio ou pessoalmente - é permitido em 37 dos 50 estados e no distrito de Columbia. Obama já votou.
O eleitorado destas eleições será o mais diversificado de sempre. Quase um em cada três eleitores (31%) é hispânico, negro, asiático ou de outra minoria racial ou étnica.
O novo presidente é empossado a 20 de janeiro, numa cerimónia pública em Washington.
"Swing states" - Tão poucos e tão importantes
Durante a campanha eleitoral, o tempo e os recursos dos candidatos não estão normalmente focados nos estados que nunca mudam de cor (a Califórnia é tradicionalmente democrata e o Oklahoma republicano), mas sim nos chamados "swing states", estados que não têm tendência de voto definida e que podem decidir uma eleição.
New Hamsphire, Pensilvânia, Ohio, Wisconsin, Nevada, Colorado, Florida, Virgínia, Michigan, Geórgia, Carolina do Norte, Arizona e Iowa são os estados que integram este grupo.
Não foi por acaso que as convenções partidárias dos republicanos e dos democratas foram realizadas em dois "swing states" - em Cleveland (Ohio) e em Filadélfia (Pensilvânia), respetivamente.