Os líderes ibero-americanos continuam, a horas do fim da XIX Cimeira Ibero-Americana, no Estoril, sem chegar a acordo quanto à declaração final sobre as Honduras, com a solução a poder passar por uma nota da presidência portuguesa.
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Fonte da Secretaria-geral Ibero-Americana (SEGIB) disse à Lusa que continuam a ser feitos esforços para encontrar uma solução "consensual" que permita aprovar um comunicado especial comum sobre as Honduras.
"Continuamos à procura de uma posição comum e consensual. Mas se não for possível a alternativa deverá ser uma declaração da presidência “pró tempore” da conferência ibero-americana", disse.
O conteúdo dessa eventual declaração ainda não é conhecido. A presidência recai actualmente sob Portugal, anfitrião desta Cimeira que, além das ausências de mais de um terço dos líderes ibero-americanos tem estado marcada por intenso debate sobre as Honduras.
Em declarações aos jornalistas na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português recusou dizer qual é a posição de Portugal em relação às eleições de domingo, dado caber a Portugal, enquanto presidência, tentar alcançar um consenso.
"Temos a nossa posição mas temos de acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos para podermos construir uma declaração da comunidade. Nestas circunstâncias a posição do Estado que detém a presidência é secundária em relação ao esforço de convergência", disse.
O secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, afirmou aos jornalistas depois dos trabalhos de segunda-feira e antes do jantar oficial que a posição dos chefes de estado e de governo é consensual em torno de questões como a condenação do golpe de estado e da "necessidade de voltar aos procedimentos democráticos".
Iglesias disse que as eleições de domingo geraram "factos novos" e que os líderes continuam a divergir sobre "o que significa a eleição de um candidato à presidência, eleito por 50 e poucos por cento dos votos", afirmou.
"A posição geral é de ratificar as posições até aqui e ver como a introdução de uma eleição poderia intervir neste processo. Há uma esperança que isto seja um elemento que acelere uma busca do encontro de soluções democráticas", disse ainda.
Iglesias acrescentou que alguns líderes consideram que a eleição de Domingo "é legitima" e que outros consideram o contrário, mas "o importante é que o clima geral de encontrar uma solução para usar positivamente o facto das eleições".
As eleições de domingo nas Honduras deram a vitória a Porfirio Lobo, candidato do movimento político que promoveu há cinco meses um golpe de estado contra o Presidente eleito, Manuel Zelaya.