Os países participantes na conferência internacional de Paris sobre a paz e a segurança no Iraque comprometeram-se, esta segunda-feira, a apoiar a luta de Bagdad contra os 'jihadistas' do Estado Islâmico "por todos os meios necessários", incluindo militares.
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"Os participantes na conferência de Paris afirmaram que o Daesh (acrónimo árabe do Estados Islâmico) constitui uma ameaça para o Iraque mas também para o conjunto da comunidade internacional", lê-se na declaração final da reunião.
Por isso, "comprometeram-se a apoiar, pelos meios necessários, o novo governo iraquiano na sua luta contra o Daesh, incluindo através de uma ajuda militar apropriada", que corresponda "às necessidades expressas pelas autoridades iraquianas" e no "respeito pelo direito internacional e pela segurança das populações civis".
Os países presentes na conferência sublinharam também a sua determinação para aplicar as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, principalmente a resolução 2170, que visa impedir o recrutamento e financiamento dos jihadistas, dizendo-se dispostos a todas "as medidas necessárias para que produzam todos os seus efeitos".
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, afirmou à imprensa que a conferência desta segunda-feira "foi ao mesmo tempo uma reunião de gravidade e de esperança", congratulando-se com a presença de "30 países, de entre os mais poderosos do mundo, em situações geográficas e ideológicas diferentes, mas todos decididos a lutar contra o Daesh".
"Muitos insistiram na necessidade de secar o financiamento deste grupo terrorista e será organizada em breve uma conferência nesse sentido por iniciativa dos nossos amigos do Bahrein", disse.
Na abertura da conferência, os presidentes de França, François Hollande, e do Iraque, Fuad Massum, pediram o empenho internacional na luta contra os jihadistas do Estado Islâmico, um pedido que o Irão, país vizinho ausente da reunião, recusou.
Os Estados Unidos realizam desde 8 de agosto ataques aéreos contra posições dos jihadistas no norte do Iraque e vários países, incluindo França e Alemanha, decidiram enviar armas para os combatentes curdos iraquianos, na primeira linha do combate ao Estado Islâmico.
Em Berlim, um porta-voz do governo alemão anunciou, esta segunda-feira, que o primeiro carregamento de armas alemãs para os curdos chegará ao norte do Iraque na próxima semana e será constituído por 4 mil espingardas automáticas G3, 4 mil pistolas P1, 20 mísseis antitanque MILAN, 120 lança-foguetes antitanque e 20 metralhadoras MG3.
A conferência de Paris, em que participaram os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, realiza-se dois dias depois da divulgação do vídeo da decapitação de um refém britânico, David Haines, o terceiro ocidental executado dessa forma pelos jihadistas em menos de um mês, depois dos jornalistas norte-americanos James Foley e Steven Sotloff.