Pelo menos 525 pessoas morreram em resultado dos confrontos no Egito após a ação policial contra os apoiantes do presidente deposto Mohamed Morsi, anunciou o Ministério da Saúde, esta quinta-feira. A situação já motivou um apelo do Papa Francisco à "paz, ao diálogo e à reconciliação".
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Os mais de 500 mortos incluem 202 manifestantes do campo de Rabaa al-Adawiya, no Cairo, e 43 agentes policiais por todo o país, disse fonte oficial do Ministério de Saúde.
O Papa Francisco disse, esta quinta-feira, que está a rezar pelas vítimas da violência no Egito. "Sobre as notícias muito tristes que têm chegado do Egito: quero dirigir as minhas orações às vítimas, às suas famílias, aos feridos e aos que sofrem", afirmou durante uma bênção em Castel Gandolfo, a residência de verão do Papa, próxima de Roma.
As forças de segurança invadiram, na quarta-feira, os acampamentos de protesto dos apoiantes do ex-presidente Morsi.
Em resposta à violência, o governo interino impôs o estado de emergência e recolher obrigatório durante um mês no Cairo e noutras 13 províncias.
A onda de violência precipitou a saída do vice-presidente Mohamed El-Baradei, que afirmou que a sua consciência estava perturbada com a perda de vidas, principalmente por acreditar que todas aquelas mortes poderiam ter sido evitadas.
Já na quarta-feira à noite, um membro das forças de segurança garantiu que a praça Rabaa al-Adawiya, no Cairo, estava "totalmente sob controlo" e que já não se registavam mais confrontos.
As autoridades afirmaram depois que a calma tinha regressado um pouco por todo o país.
Imagens e vídeos do derramamento de sangue no Cairo dominaram os meios de comunicação e as redes sociais, ao mesmo tempo que as potências mundiais pediam contenção e condenavam a demonstração de força por parte das forças de segurança.
Pelo menos quatro igrejas foram atacadas, tendo os ativistas cristãos acusados os apoiantes de Morsi de levarem a cabo uma "guerra de retaliação contra os coptas no Egito".
Horas depois dos primeiros disparos de gás pimenta terem chovido nas tendas dos protestantes na praça Rabaa al-Adawiya, um correspondente da France Presse contou pelo menos 124 mortos nas morgues improvisadas.
Num hospital de campanha, com o chão escorregadio de sangue, os médicos lutavam para lidar com as vítimas, pondo de parte os casos críticos, mesmo quando ainda estavam vivos.
Entre os mortos registados no Cairo está a filha de 17 anos de um líder da Irmandade Muçulmana, afirmou um porta-voz do movimento pró-Morsi.
A britânica Sky News anunciou também que um dos seus repórteres de imagem, Mick Deane, foi alvejado e morto quando fazia a cobertura dos confrontos.