O embaixador de Portugal no Egito disse, esta quarta-feira, que está em contacto com os portugueses que se encontram no país e que "não está em causa a integridade física" de qualquer cidadão nacional.
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"Posso dizer que estamos em contacto com todos. Sabemos onde estão e sabemos como estão. Avisamos-os para não saírem hoje (terça-feira) de casa e não há nenhum caso em que esteja em causa a integridade física de ninguém", disse à Lusa o embaixador Tânger Correia, referindo que dedica especial atenção à situação de um grupo de empresários portugueses que se encontra em trânsito perto do aeroporto da capital.
"A minha maior preocupação neste momento é um grupo de portugueses de uma empresa que está num hotel perto do aeroporto para apanhar um avião e não consegue. Mas estão em segurança e não há problema e nós estamos preparados para atuar em qualquer altura se for caso disso", disse Tânger Correia.
O diplomata sublinhou que a embaixada de Portugal no Cairo tem capacidade para apoiar cidadãos que queiram ser retirados dos locais onde se encontram mas que ainda "é cedo para se estar a falar de processos de evacuação" dos 120 portugueses registados, referindo que uma grande parte encontra-se de férias e fora do país.
As autoridades egípcias cumpriram os avisos e dispersaram os apoiantes do ex-presidente Mohamed Morsi, deposto pelos militares, e que se encontravam acampados em duas praças da cidade, sendo difíceis as deslocações na capital.
"As ligações ferroviárias foram todas interrompidas. A cidade não está completamente transitável. Aliás, a maior parte dos nossos funcionários, a quem eu disse para irem para casa, não conseguiram fazê-lo e tiveram de voltar para trás. Há muitos cortes de ruas e de estradas, de entradas e saídas do Cairo. A cidade está muito pouco transitável", disse o embaixador de Portugal, sublinhando que se verificam atos de violência em todo o país.
"Neste momento a situação espalhou-se pelo Egito inteiro, infelizmente temos conflitos sectários. Até agora, já foram queimadas oito igrejas cristãs coptas no norte e no sul do Egito. É um desenvolvimento extremamente negativo", afirmou Tânger Correia que, neste momento, evita falar no número de vítimas da carga da polícia e dos confrontos entre manifestantes e as autoridades.
"Existe de facto um número muito dispare de vítimas, quer de mortos quer de feridos. Eu confesso que não dou crédito a nenhuma das fontes porque uns inflacionam, porque querem apresentar um número de vítimas muito alto. Outros baixam o número, porque querem apresentar menos vítimas. Eu, neste momento, não dou crédito a qualquer das fontes que refere o número de vítimas até porque ainda há confrontos bastante ativos na cidade", disse ainda o embaixador de Portugal no Egito.
O Ministério da Saúde egípcio refere 15 mortos e 203 feridos, a Irmandade Muçulmana, que apoia o presidente deposto, denuncia 250 mortos e cinco mil feridos e um jornalista da agência France Press contou 124 mortos na Praça Rabaa al-Adawiya, no Cairo.