O Conselho de Segurança da ONU condenou, esta sexta-feira, a "ação militar" de quinta-feira na Guiné-Bissau e apelou ao restauro da "ordem constitucional" no país.
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A condenação foi expressa pela presidente em exercício do Conselho, a embaixadora norte-americana Susan Rice, após um 'briefing' de um representante do Secretariado da ONU.
O representante, o secretário-geral adjunto Taye-Brook Zerihoun afirmou que a situação em Bissau está em "evolução rápida", relatou Rice.
O mesmo responsável apelou ainda à mobilização da comunidade internacional para acabar com a "violência e impunidade" em Bissau.
Neste momento continua a ser negociada uma declaração formal do Conselho de Segurança sobre a Guiné-Bissau, que deverá sair nas próximas horas.
Zerihoun afirmou ainda, segundo Rice, que "não é fácil confirmar as informações" que chegam de Bissau, sendo "incerto o paradeiro" do primeiro-ministro cessante e do presidente interino incerto, detidos pelos golpistas.
"Os membros do Conselho de Segurança condenam a ação militar e apelam ao restauro imediato da ordem constitucional", disse a embaixadora dos Estados Unidos.
Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau.
A ação foi justificada esta sexta-feira, em comunicado, por um auto-denominado Comando Militar, cuja composição se desconhece, como visando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos chefes do Estado interino e do Governo.
A mulher de Carlos Gomes Júnior disse esta sexta-feira que ele foi levado por militares na noite do ataque e encontra-se em parte incerta, bem como o Presidente interino, Raimundo Pereira.
Os acontecimentos militares na Guiné-Bissau, que antecederam o início da campanha eleitoral das presidenciais de 29 de abril, mereceram a condenação da União Africana, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e de vários países, incluindo Portugal, que exortou os autores do "golpe militar" a libertar os políticos detidos.