Pyongyang confirmou o lançamento de um míssil balístico de alcance intermédio capaz de atingir o território norte-americano de Guam. Exercícios terão como objetivo intimidar Joe Biden.
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Passou apenas um mês desde o início do ano, mas o regime de Kim Jong Un já disparou sete mísseis balísticos. A maior demonstração de força ocorreu no domingo, quando Pyongyang terá testado o míssil de maior alcance desde 2017.
Segundo o "The Guardian", a arma com capacidade nuclear é capaz de atingir qualquer região do Japão, bem como Guam e a ponta ocidental da cadeia das Ilhas Aleutas do Alasca.
A Coreia do Norte já confirmou a investida e a agência de notícias norte-coreana, KCNA, avançou que o teste do míssil de alcance intermédio, Hwasong-12, tem como objetivo avaliar seletivamente o míssil que está a ser produzido e implantado, e verificar a sua precisão. O órgão de comunicação social difundiu ainda um conjunto de fotografias para provar que um dos mísseis mais poderosos do regime foi testado. Contudo, a autenticidade das imagens partilhadas não foram confirmadas por entidade independente.
Tensão com os EUA
Após uma série de lançamentos que envolveram mísseis de curto alcance, vários analistas políticos acreditam que o regime pode estar a preparar-se para testes de armas nucleares ou mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) capazes de atingir partes do continente americano.
O lançamento de domingo parece ser parte de um esforço do líder do país, Kim Jon Un, para garantir o alívio das sanções e o reconhecimento internacional do seu regime como uma potência nuclear legítima.
"Este tipo de demonstração de força pretende, por um lado, assegurar a capacidade de autodefesa e, por outro, tentar pressionar os EUA a entrarem em negociações, também com o objetivo de aligeirar as sanções de que o país é alvo", explica Maria Raquel Freire, professora catedrática da Universidade de Coimbra.
Joe Biden, presidente dos EUA, disponibilizou-se para negociar, mas "sem pré-condições", rejeitando as exigências norte-coreanas que querem estabelecer um alívio de sanções. Não há sinais de que o democrata, que este mês aprovou as primeiras sanções norte-coreanas da sua presidência, esteja a considerar um retorno à diplomacia direta que levou a três encontros entre o líder norte-coreano e o então presidente dos EUA, Donald Trump.
As autoridades de Washington mostram-se agora preocupadas com os ensaios nucleares do regime de Pyongyang e receiam a corrida aos ICBMs. "A Coreia do Norte está a promover ações que acreditamos serem desestabilizadoras, como forma de aumentar a pressão", disse um representante do Executivo, numa conferência de imprensa em Washington.
Reconhecimento internacional
Na perspetiva da investigadora Maria Raquel Freire, "a vontade de Kim Jong-un de reconhecimento no palco internacional e de voltar à mesa negocial é premente, e os testes mais recentes, mesmo que acompanhados da narrativa de não ameaça, não só demonstram esta necessidade, como alertaram mais uma vez os países da região para o perigo de escalada e o imperativo de negociar medidas de desnuclearização", alerta.
No mês de fevereiro, os testes deverão ser interrompidos devido aos Jogos Olímpicos de inverno que se realizam na China, que é o principal país aliado na Coreia do Norte, mas há uma grande preocupação sobre o que poderá acontecer depois da competição terminar.
O Estado Maior General das Forças Armadas sul-coreano também deu conta do lançamento do míssil balístico, informando que este terá ocorrido às 7h52 de domingo (22h52 de sábado em Portugal continental) desde a província de Jagang, na Coreia do Norte, em direção ao oceano, ao largo da costa Leste.