O primeiro-ministro, António Costa, defendeu, esta quinta-feira, que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, expressou-se com "grande sentido humanista" nas declarações que fez sobre a degradação da situação humanitária no território palestiniano.
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"Sobre esse assunto o Governo português já falou ontem [quarta-feira] de uma forma clara e inequívoca de total apoio e solidariedade com o secretário-geral das Nações Unidas, que se expressou com um grande sentido humanista, na afirmação do direito internacional e daquilo que são as resoluções aprovadas na ONU, das quais, naturalmente, [Guterres] é porta-voz", disse António Costa, à entrada para uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.
O primeiro-ministro acrescentou que, apesar de as atenções estarem hoje voltadas para o agravamento das tensões no Médio Oriente, "o início da nova guerra não acabou com a guerra anterior, que prossegue, portanto, a solidariedade para com a Ucrânia também tem de prosseguir".
Em causa estão declarações de António Guterres feitas na terça-feira, na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em inglês, em que considerou ser "importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram do nada", acrescentando que o "povo palestiniano tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante".
O secretário-geral da ONU defendeu que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os ataques terríveis do Hamas", assim como "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".
No início da sua intervenção, António Guterres disse que condena "inequivocamente os atos de terror horríveis e sem precedentes do Hamas em Israel" e que "nada pode justificar a morte, os ferimentos e o rapto deliberados de civis - ou o lançamento de mísseis contra alvos civis".
Em reação a estas declarações, na mesma reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, acusou António Guterres de estar desligado da realidade e de mostrar compreensão pelo ataque do Hamas de 7 de outubro com um "discurso chocante".
Na rede social X (antigo Twitter), o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão imediata de António Guterres das funções de secretário-geral desta organização. Gilad Erdan anunciou ainda que Israel ia deixar de conceder vistos a representantes da ONU.