A crise no Cazaquistão fez subir os preços do petróleo, com os investidores a temerem possíveis ruturas de abastecimento, mas o mercado do urânio parece não ter sido afetado, apesar de o país ser o segundo maior produtor mundial.
Corpo do artigo
14467358
"Os motins representam claramente um risco para o abastecimento do mercado mundial" para o crude, disse à agência France-Press (AFP) o analista Bjarne Schieldrop, do grupo Seb, referindo-se à atual situação do país, que é um dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Durante a semana, os preços do petróleo bruto subiram cerca de 5%, e na sexta-feira, o petróleo bruto brent ultrapassou 83 dólares por barril, "o seu nível mais alto desde a queda de preços desencadeada pelo aparecimento da variante ómicron no final de novembro", concordou Carsten Fritsch, analista do Commerzbank.
14469775
Os protestos começaram no domingo nas províncias após uma subida do preço do gás, espalhando-se depois pelas grandes cidades, especialmente Almaty, a capital económica do Cazaquistão, onde as manifestações se transformaram em tumultos contra o regime. O presidente Kassym-Jomart Tokayev rejeitou na sexta-feira qualquer possibilidade de negociação com os manifestantes.
O país é o maior produtor de petróleo da Ásia Central, com as 12 maiores reservas provadas de crude do mundo, de acordo com a Agência de Informação sobre Energia dos EUA (EIA). O Cazaquistão estava a produzir cerca de 1,8 milhões de barris por dia em 2020.
É também o segundo maior produtor de petróleo entre os países parceiros da OPEP na OPEP+, atrás da Rússia. O ouro negro representará 21% do produto interno bruto (PIB) do Cazaquistão em 2020, de acordo com o Banco Mundial.
Putin e Kazakh reúnem-se para "restaurar ordem" no país
O presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo Kazakh Kassym-Jomart Tokaïev tiveram uma "longa" conversa telefónica para discutir a crise no Cazaquistão, anunciou o Kremlin este sábado."Os presidentes trocaram os seus pontos de vista quanto a medidas tomadas para restaurar a ordem no Cazaquistão", refere em comunicado, acrescentando que ambos combinaram manter-se em contacto "permanente".
Moscovo denunciou também comentários "grosseiros" do secretário de Estado americano Antony Blinken, que na sexta-feira previu que seria "muito difícil" para o Cazaquistão conseguir a retirada das tropas russas, uma vez que foi dado sinal verde para uma intervenção no território.
"O secretário de Estado dos EUA tentou brincar com a tragédia que se vive no Cazaquistão", disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia num comunicado divulgado no Facebook. "Foi uma reação grosseira e não é a primeira", acrescentou o ministério, segundo o qual Blinken "ridicularizou uma reação inteiramente legítima" dentro do quadro dos acordos de segurança entre o Cazaquistão e a Rússia.