O dissidente cubano Guillermo Fariñas, em greve da fome e sede há seis dias no seu domicílio de Santa Clara, disse que foi examinado por médicos enviados pelas autoridades cubanas mas recusou ser hospitalizado.
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"Recebi ontem (segunda-feira) a visita de um médico e de uma enfermeira, e hoje (terça-feira) visitou-me outro médico e uma enfermeira" enviados pelas autoridades, declarou por telefone o dissidente de 48 anos, que reclama a libertação dos prisioneiros políticos cubanos em mau estado de saúde.
"Aconselharam-me a ir ao hospital provincial (em Santa Clara, 280 quilómetros a este de Havana) para começar um tratamento de alimentação intravenosa, mas recusei. Já disse que não aceitarei nenhum tratamento enquanto estiver consciente", acrescentou, dizendo sentir-se "muito fraco" com "dores de cabeça, nos olhos, no ventre e nos rins".
Guillermo Fariñas iniciou o seu 23º jejum de protesto desde 1995, um dia depois da morte num hospital de Havana, a 23 de Fevereiro, do prisioneiro político Orlando Zapata, 42 anos, na sequência de uma greve da fome de dois meses e meio.
Este caso suscitou consternação nos Estados Unidos e na Europa depois dos dissidentes e da mãe Orlando Zapata, Reina Luisa Tamayo, terem acusado o governo de Raul Castro de deixar morrer Zapata, que protestava contra as suas condições de detenção.
As autoridades asseguraram que fizeram tudo para o salvar e denunciaram uma "campanha de difamação" contra Cuba.
Após a morte de Zapata, outros dois prisioneiros políticos, Fidel Suarez (49 anos) e Nelson Molinet (45 anos), detidos desde 2003 na região de Pinar del Rio (oeste), efectuam há cinco dias uma greve da fome.
Estes dois prisioneiros são, como era Zapata, considerados como prisioneiros de consciência pela organização Amnistia Internacional, baseada em Londres.
A ilha comunista conta com 200 prisioneiros políticos, de acordo com a dissidência.
Mas o governo de Raul Castro nega deter prisioneiros políticos, afirmando que estes últimos são "mercenários" a soldo dos Estados Unidos.