O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira, a antecipação das eleições gerais para 23 de julho, em consequência da derrota do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) nas eleições autonómicas e municipais de domingo, com a vitória do Partido Popular (PP) em oito das 12 regiões em disputa, somando agora 13 chefias de 19 executivos autonómicos (17 regiões e as cidades de Ceuta e Melilla).
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"Assumo os resultados", disse Sánchez, após uma audiência com o rei Filipe VI, de manhã, para transmitir-lhe que reuniria o Conselho de Ministros para dissolver as Cortes (Congresso e Senado) e convocar as eleições que estavam previstas para o final do ano.
Com a dissolução, 65 leis ficam por aprovar, incluindo um projeto da Unidas Podemos para obrigar empresas que retirem de Espanha a sua sede fiscal a devolver ajudas e subvenções recebidas do Estado.
Os resultados, saldados na recuperação, pelo PP, de seis comunidades autónomas, cinco delas tiradas ao PSOE, que ficou sem 15 das 22 capitais de província que governava, aconselham "uma clarificação de vontade dos espanhóis sobre as políticas e sobre as forças políticas que devem liderar esta fase", disse Sánchez. "O melhor é que tomem a palavra", acrescentou o chefe de Governo, que a 1 de julho, seis dias antes do início da campanha eleitoral, assume a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.
O presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, afirmou serem necessárias eleições "quanto antes". "Apenas começámos. O sanchismo ainda não foi derrotado", sinalizou, pedindo "desde já uma maioria clara, incontestável e contundente para iniciarmos um novo rumo". Além das conquistas, o PP reforçou as maiorias que já tinha na Comunidade de Madrid e na região de Múrcia.
Esquerda reorganiza-se
O PSOE, que voltou a ser o mais votado em Castela a Mancha e recuou nas Canárias, podendo ver a Coligação Canária coligar-se agora com o PP, perdeu para os populares a Comunidade Valenciana, Aragão, Baleares, Rioja e Extremadura. Neste caso, tem o mesmo número de eleitos, mas aos 28 populares no parlamento regional devem acrescer cinco eleitos do Vox, em coligação.
Com o desaparecimento do Cidadãos, o partido de extrema-direita Vox passa a terceira força. Embora deixe de ser necessário para suportar o governo autónomo de Madrid, será indispensável para viabilizar executivos em seis autonomias ganhas pelo PP, como Extremadura e Baleares, e garantir maiorias absolutas em 18 capitais de província.
A aliança liderada pelo Podemos sofreu também um forte revés, ficando fora dos parlamentos regionais das comunidades de Madrid e Valenciana, Castela a Mancha e Cantábria, e perdendo lugares nas Baleares e em Aragão.
"A mensagem recebida nesta noite foi muito clara: há que fazer as coisas de outra maneira. Sem distrações. Desde este momento estamos a trabalhar para ganhar no próximo dia 23 de julho", escreveu, no Twitter, a segunda vice-presidente do Governo, Yolanda Díaz, que dinamiza a plataforma Sumar, com mais de 15 organizações progressistas, incluindo a aliança Unidas Podemos (Podemos, Esquerda Unida e outros).
Nas eleições municipais, o PP, que governará em 25 capitais de província, das quais 13 em maioria absoluta, vence com 31,5% em termos de resultados globais, garantindo 23 412 eleitos, enquanto o PSOE, que perde 15 das 22 capitais que controlava, obtém 20 784 lugares. O Vox ocupa 1 695.