O diretor do FBI, Kash Patel, entrou em choque com os senadores democratas que questionaram o seu profissionalismo e o acusaram de parcialidade na sua liderança da polícia federal dos EUA.
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Esta audição perante a Comissão de Justiça do Senado (câmara alta do Congresso), antes da audição da Câmara dos Representantes (câmara baixa) na quarta-feira, ocorre poucos dias após o seu anúncio prematuro da detenção de um suspeito na investigação do assassinato do influenciador ultraconservador Charlie Kirk, o que reacendeu as críticas às suas qualificações para este cargo.
A sua autoridade é ainda minada por uma parte da base do presidente Donald Trump que o critica, bem como à procuradora-geral Pam Bondi, pela condução do caso de Jeffrey Epstein, um criminoso sexual que morreu na prisão em agosto de 2019, antes do seu julgamento por exploração sexual.
"Vocês prometem divulgar o ficheiro Epstein, mas agora mantêm-no em segredo. Anunciam a detenção de um suspeito de um homicídio grave e, ups! Já não têm um suspeito", ironizou o senador democrata Cory Booker.
Kash Patel defendeu-se mais uma vez por se ter gabado na rede social X, poucas horas após o assassinato de Charlie Kirk, em 10 de setembro, que o alegado autor deste "assassinato horrível" estava preso, ultrapassando assim as autoridades no local, que eram muito mais cautelosas.
Teve depois de voltar atrás, anunciando que o suspeito, tendo sido ilibado de todas as acusações, tinha sido libertado.
Patel reiterou hoje que "poderia ter-se expressado com mais cautela", mas negou ter cometido "um erro".
"Vocês não sabem nada sobre os planos para despedir agentes do FBI, mas estão diretamente envolvidos neles", continuou o senador Booker, enquanto Kash Patel afastou quaisquer motivações partidárias na onda de despedimentos que liderou, insistindo que se baseavam apenas em critérios de competência profissional.
"Acho que o seu lugar não é no FBI. Mas a questão é a seguinte, senhor Patel, acho que o senhor não vai ficar lá por muito mais tempo", apontou o senador democrata, prometendo que, apesar da sua lealdade inabalável, Donald Trump se livraria dele sem hesitar.
A tensão aumentou ainda mais durante uma discussão sobre as demissões do FBI com o senador Adam Schiff, a quem Kash Patel classificou de "palhaço político".
Numa queixa civil apresentada na semana passada, três funcionários do FBI, demitidos abruptamente em agosto, afirmam ter sido disciplinados, em privado, por se oporem à demissão de agentes cuja única infração foi serem considerados insuficientemente alinhados com as prioridades do novo Governo ou terem sido denunciados publicamente pelos apoiantes do presidente republicano.
Um deles, Brian Driscoll, diretor interino do FBI durante o primeiro mês de Donald Trump no cargo, até à tomada de posse de Kash Patel, afirma ter tentado em vão dissuadi-lo de despedir um agente.
"O FBI tentou prender o presidente e ele não se esqueceu", respondeu Kash Patel, afirmando que era obrigado a despedir todos os que trabalharam no processo criminal contra Donald Trump antes da sua eleição para manter o seu emprego, de acordo com a queixa.
No caso Epstein, defendeu o anúncio conjunto feito em julho pelo Departamento de Justiça e pelo FBI de que não tinham descoberto quaisquer novas provas no caso que justificassem a divulgação de documentos adicionais.
Este anúncio irritou a ala conspiracionista do movimento MAGA ("Make America Great Again", "Engrandecer de Novo a América", o principal 'slogan' de Trump]), de que Kash Patel é próximo e que esperava revelações sensacionalistas no caso Epstein.