Duas pessoas morreram e 34 ficaram feridas em tumultos provocados, na quarta-feira, por jovens enfurecidos por rumores de um recrutamento compulsivo para o exército na cidade da Beira, centro de Moçambique, informou esta quinta-feira o Hospital Central daquela cidade.
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Milhares de jovens da cidade da Beira provocaram distúrbios em protesto contra rumores sobre um recrutamento para o exército, face à instabilidade militar no centro do país, colocando barricadas e incendiando pneus em algumas das principais ruas dos arredores da cidade.
Ainda na quarta-feira, o Ministério da Defesa de Moçambique emitiu um comunicado de imprensa em que qualifica como boato as informações divulgadas por alguns órgãos de comunicação social sobre o recrutamento compulsivo de jovens para o exército, visando enfrentar a instabilidade no centro do país.
"Decorreram em todas as províncias cerimónias de despedida do último turno do ano de 2013 para incorporação de mancebos convocados em editais previamente afixados nas províncias e distritos e considerados aptos nas provas de classificação e seleção", explicou o ministério.
"Não constitui verdade que o Ministério da Defesa Nacional ou outras Forças de Defesa e Segurança estejam a fazer o recrutamento militar compulsivo para o cumprimento do serviço militar, trata-se de boato visando desacreditar o cumprimento deste dever sagrado para com a pátria pelo jovem", referia a nota de imprensa.
Em declarações ao canal público Televisão de Moçambique, o diretor do Hospital Central da Beira, César Gaspar, disse que os tumultos provocaram a morte de duas pessoas e o ferimento de 34, 18 das quais com gravidade.
"Uma pessoa morreu na sala de reanimação e uma outra foi levada diretamente para a morgue", disse César Gaspar.
Hoje, em declarações a jornalistas, o ministro da Defesa de Moçambique, Filipe Nysui, disse que "uma delegação de alto nível do Ministério da Defesa deslocou-se à Beira, para averiguar o que se passou", repetindo a posição do Governo de que as informações sobre o recrutamento compulsivo não passam de um boato.
Moçambique vive a sua pior crise política e militar, desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992, na sequência de divergências entre a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, oposição) e o Governo em torno da legislação eleitoral.