O chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou hoje na ONU que Moscovo não pretende atacar qualquer país da NATO, mas avisou que qualquer agressão contra o país terá uma "resposta decisiva".
Corpo do artigo
"Cada vez mais são feitas ameaças de uso de força contra a Rússia. A Rússia é acusada de quase planear atacar os países da NATO e da União Europeia. O presidente Vladimir Putin tem refutado repetidamente estas provocações", declarou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, intervindo no debate geral da 80.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
A Rússia, sublinhou, "nunca teve nem tem essas intenções, mas qualquer agressão contra o país terá uma resposta decisiva" e "não deve haver dúvidas sobre isto entre os países da NATO e da UE".
Lavrov acusou os países ocidentais de "dizer aos seus eleitores que a guerra com a Rússia é inevitável e a forçá-los a apertar o cinto", enquanto "falam abertamente sobre ataques a territórios russos".
Leia também Alemanha vai autorizar abate de drones após novo incidente na sexta-feira
Sobre o conflito na Ucrânia, em curso desde a invasão russa em fevereiro de 2022, Moscovo está "pronto para discutir garantias de segurança" para Kiev, declarou.
"Como o presidente Putin tem enfatizado repetidamente, a Rússia continua aberta a negociações para eliminar as causas do conflito", repetiu o governante russo.
Mas, criticou, "até agora, nem Kiev nem os seus patrocinadores europeus parecem ter consciência da gravidade da situação ou estar dispostos a negociar honestamente".
O ministro russo denunciou que a NATO "continua a expandir-se até às fronteiras" russas, "contrariando garantias dadas a líderes soviéticos de que não avançaria nem um centímetro para leste".
Sobre as negociações, manifestou esperança na mediação norte-americana, liderada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Temos alguma esperança no diálogo Rússia-EUA, especialmente depois da cimeira no Alasca (em agosto, entre os presidentes Trump e Putin)", disse Lavrov, adiantando que Moscovo vê na administração norte-americana "um desejo de contribuir para resolver a crise de forma realista mas também de desenvolver uma cooperação pragmática sem uma posição ideológica".
O oposto do que o Kremlin (presidência russa) identifica na Europa, que acusou de estar "obcecada em impor uma derrota estratégica contra a Rússia".
O chefe da diplomacia russa criticou ainda a postura ocidental em relação à Ucrânia, a quem "é permitido tudo, incluindo ataques terroristas, tortura, execuções extrajudiciais e sabotagem de centrais nucleares".