Com a chegada do quarto e último dia do acordo original para a troca de prisioneiros entre o Hamas e Israel, o prolongamento é uma questão no horizonte de ambos os lados. Como estão as negociações para a extensão do pacto que permitiu uma pausa nos conflitos e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza?
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O que o Hamas pensa sobre a extensão da trégua?
No domingo, ainda no terceiro dia do acordo, o grupo islamita comunicou que deseja estender o cessar-fogo, que terminaria esta segunda-feira. "O Movimento de Resistência Islâmica Hamas está a tentar prolongar a trégua após o final do período de quatro dias, tentando seriamente aumentar o número de detidos libertados, conforme estabelecido no acordo de trégua humanitária", escreveu a organização no Telegram, citado pela agência Lusa.
O pacto original prevê a libertação de 150 palestinianos, principalmente mulheres e menores de idade, em troca de 50 reféns israelitas, sequestrados no dia 7 de outubro.
Já há um posicionamento de Israel?
O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu não descartou, no domingo, uma extensão da trégua, mas frisou que o objetivo é "eliminar o Hamas". O Governo israelita sofre a pressão de aliados como os Estados Unidos, com o presidente Joe Biden a apelar à continuidade do acordo "para ver mais reféns saírem e fornecer mais ajuda humanitária aos necessitados em Gaza".
O chefe da diplomacia europeia Josep Borrell, na abertura do fórum do grupo União pelo Mediterrâneo, em Barcelona, defendeu o prolongamento do cessar-fogo. "A pausa deve ser alargada para a tornar sustentável e duradoura, ao mesmo tempo que se trabalha para uma solução política", expressou. "Nada pode justificar a brutalidade indiscriminada que o Hamas desencadeou contra civis em 7 de outubro, mas um horror não pode justificar outro horror”, acrescentou.
Até quando seria estendido o acordo?
Uma fonte próxima ao Hamas disse à agência France-Presse que "a resistência acredita que é possível assegurar a libertação de 20 a 40 prisioneiros israelitas", o que pode significar numa extensão de dois a quatro dias.
Já um funcionário do Governo israelita afirmou à agência Reuters que cabe ao grupo islamita criar uma nova lista de 10 reféns a serem libertados na terça-feira para que Israel avalie e aprove os nomes e, assim, estenda a trégua. Telavive está disposta a um máximo de cinco dias extras, segundo a mesma fonte, o que totalizaria nove dias.
O Catar tem sido fundamental na mediação do acordo e tem trabalhado para o prolongamento. Em declarações ao jornal Financial Times, o primeiro-ministro catari Sheikh Mohammed bin Abdulrahman al-Thani alertou que acredita que mais de 40 mulheres e crianças em cativeiro não estão sob os cuidados do Hamas. O chefe de Governo do país do Golfo pediu que o grupo islamita reúna esses reféns para que seja possível a extensão da pausa.
Como tem decorrido a troca de reféns até agora?
Os primeiros três dias resultaram na libertação de 39 israelitas e 117 palestinianos. Outros acordos paralelos resultaram na saída de um filipino, 17 tailandeses e um cidadão russo-israelita.
Entre os libertados, está Elma Avraham, de 84 anos, que foi internada num hospital em Beersheba devido à "má condição física e condição clínica grave”. A israelita foi levada, este domingo, de Gaza para o centro médico de helicóptero e corre risco de vida.
Israel já recebeu, esta segunda-feira, uma lista de 11 reféns que seriam libertados hoje, porém, segundo à Imprensa hebraica, Telavive encontrou problemas com o documento. As listas têm sido um ponto de discórdia entre o Hamas e Israel, segundo o jornal israelita "Haaretz", que noticia o descontentamento do grupo islamita com a falta de alguns nomes de pessoas que foram presas antes do dia 7 de outubro.