O primeiro-ministro do Catar considerou este sábado que, após a eleição do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se registou "um novo impulso" nas negociações para uma trégua e a libertação de reféns mantidos na Faixa de Gaza.
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"Sentimos, após a eleição, que o ímpeto estava a voltar", disse Mohammed ben Abdelrahmane al-Thani ao Fórum de Doha, uma conferência para o diálogo político internacional, referindo "um grande encorajamento da nova administração [norte-americana] para chegar a um acordo, mesmo antes de o presidente tomar posse".
Al-Thani explicou que, apesar de "algumas diferenças" na abordagem, não houve "desacordo" entre a administração do presidente Joe Biden e a futura de Donald Trump "sobre o objetivo em si, que é acabar com a guerra".
Na passada segunda-feira, Donald Trump avisou que o "preço a pagar seria terrível" para os grupos palestinianos na Faixa de Gaza se os reféns não fossem libertados antes da sua tomada de posse, a 20 de janeiro de 2025.
O Catar, juntamente com os Estados Unidos e o Egito, lidera há meses negociações infrutíferas para uma trégua em Gaza e a libertação dos reféns detidos no território palestiniano.
Em novembro, Doha desistiu das negociações, afirmando que só retomaria os seus esforços quando o Hamas e Israel mostrassem "vontade e seriedade".
Mas, na quinta-feira, fonte próxima das conversações disse à AFP que o Catar tinha retomado a mediação, algo que o primeiro-ministro do Catar confirmou hoje.
"Esperamos fazer avançar as coisas o mais rapidamente possível e esperamos que a vontade das partes de se empenharem de boa-fé se mantenha", afirmou.
Uma nova ronda de negociações para uma trégua na Faixa de Gaza poderá "muito provavelmente" começar na próxima semana no Cairo, disse à AFP uma fonte próxima da delegação palestiniana do Hamas.
A fonte disse que, tendo em conta os contactos com os mediadores, se espera que a nova ronda negocial se inicie muito provavelmente na próxima semana, para discutir ideias e propostas para um cessar-fogo e uma troca de prisioneiros palestinianos detidos por Israel e de reféns feitos em Gaza em 07 de outubro de 2023.
Segundo a fonte, o Egito, Catar, Turquia e outras partes estão a fazer esforços para acabar com a guerra.
Já morreram 44.612 pessoas em Gaza
Bassem Naïm, membro do gabinete político do Hamas, indicou hoje que os mediadores foram informados ao longo da semana que o movimento islamita estava disposto a mostrar flexibilidade para chegar a um acordo" e a "aplicá-lo, incluindo um calendário [...] para a retirada total das forças israelitas das zonas-chave" de Gaza.
Estas incluem o corredor de Filadélfia, que é a faixa de fronteira com o Egito, e o corredor de Netzarim, a zona tampão criada pelo exército israelita que separa o norte da Faixa de Gaza do resto do pequeno território palestiniano.
A guerra foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra Israel a 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1208 pessoas do lado israelita, na sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, incluindo reféns mortos ou que morreram em cativeiro.
A ofensiva de retaliação de Israel em Gaza fez 44.612 mortos, na sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.
Desde o início da guerra, apenas uma trégua que envolveu a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinianos entrou em vigor, em novembro de 2023.