O embaixador da Ucrânia em Lisboa afirmou, esta quarta-feira, que é real a ameaça de a Rússia ocupar mais regiões do leste ucraniano e que é necessário o apoio de "todos os povos" para que ela desapareça.
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"Com a situação que vive agora a Ucrânia, todo o mundo deve entender que a ameaça de agressão militar, em teoria, existe, porque vemos que um país que até há poucos meses se considerava parceiro estratégico de outro país invade esse outro país", disse Oleksandr Nikonenko à agência Lusa.
"Temos de lutar, todos nós, ucranianos, portugueses e outros povos do mundo, para que essa ameaça desapareça", acrescentou o embaixador, que falava à saída de um encontro com o grupo de amizade Portugal-Ucrânia, na Assembleia da República.
Caracterizando a situação na Ucrânia como "muito tensa" e "muito difícil", Nikonenko sublinhou a importância do apoio e da solidariedade da comunidade internacional ao seu país neste "confronto com uma potência tão grande como a Rússia".
O embaixador não quis tecer qualquer comentário sobre as sanções da União Europeia à Rússia, afirmando apenas que "quanto mais apoio, melhor".
Questionado sobre críticas de que foi alvo por parte de representantes da comunidade ucraniana em Portugal, Oleksandr Nikonenko desvalorizou-as, afirmando que, como diplomata, está a "cumprir as instruções do governo" e tem o apoio de "grande parte da comunidade ucraniana".
Numa manifestação em Lisboa realizada a 02 de março, o presidente da Associação de Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, disse que membros da comunidade decidiram pedir a Kiev a substituição do embaixador em Lisboa e do cônsul no Porto por considerarem que "eles não apoiaram o povo".
"Sabe, cada um tem a sua posição (...) Nós, diplomatas ucranianos, estamos a seguir as instruções que o governo está a dar. Algumas pessoas podem achar que essa postura é menos ativa ou mais ativa -- é como aqui em Portugal, há muitos portugueses que criticam a política do governo e (...) apesar de muitas críticas o governo está a seguir o seu rumo e está a dar certo", disse o embaixador.