O embaixador russo na ONU advertiu o presidente sírio, Bashar al-Assad, contra os seus projetos de reconquistar toda a Síria, que prejudicam, segundo ele, os esforços diplomáticos russos para um cessar-fogo.
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"A Rússia investiu seriamente nesta crise do ponto de vista político, diplomático e agora militar. Por isso, gostaríamos que Bashar al-Assad tivesse isso em conta", declarou Vitaly Churkin numa entrevista ao diário "Kommersant", sublinhando tratar-se de uma "opinião pessoal".
Numa entrevista exclusiva à agência France Presse na semana passada, Bashar al-Assad afirmou querer reconquistar toda a Síria, mesmo que o combate seja longo.
As declarações do presidente sírio, aliado de longa data de Moscovo, "destoam dos esforços diplomáticos realizados pela Rússia" para acabar com as hostilidades na Síria e instaurar um cessar-fogo, considerou o diplomata russo, numa rara crítica ao regime de Assad.
Se Damasco considera que um "cessar-fogo não é necessário e que é necessário lutar até à vitória, o conflito vai durar ainda muito tempo e imaginar isso assusta", adiantou.
Um cessar-fogo deverá entrar em vigor até ao fim da semana após um acordo negociado em Munique entre os Estados Unidos, a Rússia e os seus principais aliados. A hipotética trégua seria um primeiro passo para o fim da guerra que causou 260 mil mortos desde 2011 e forçou milhões a abandonar as suas casas.
"Se as autoridades sírias aceitarem o papel de liderança da Rússia na resolução desta crise, terão uma possibilidade de saírem dela com dignidade", afirmou Churkin. "Se se afastarem deste caminho, pode-se chegar a uma situação muito difícil, incluindo para eles próprios", adiantou.
Na entrevista ao "Kommersant", Churkin considerou ser "demasiado tarde" para falar da eventual criação de uma zona de exclusão aérea na Síria, na qual insistem a Alemanha e a Turquia. "Em todos voam e bombardeiam não podemos falar de zonas de exclusão aérea", disse.
A Rússia realiza desde 30 de setembro uma campanha de ataques aéreos contra "alvos terroristas" na Síria, que permitiu ao regime de Assad recuperar capacidade ofensiva.