Os investigadores recuperaram, esta sexta-feira, uma caixa negra no local do acidente de um avião de passageiros com destino a Londres que embateu contra uma zona residencial da cidade de Ahmedabad, na Índia, matando pelo menos 265 pessoas a bordo e no solo.
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O Boeing 787-8 Dreamliner da Air India emitiu um pedido de socorro pouco antes de se despenhar, por volta da hora de almoço de quinta-feira, depois de ter levantado voo a apenas 100 metros do solo.
Um homem a bordo do avião, que transportava 242 passageiros e tripulantes, sobreviveu milagrosamente ao violento acidente, que deixou a cauda da aeronave projetada para fora do segundo andar de um alojamento para a equipa médica de um hospital próximo. "Inicialmente, também pensei que estava prestes a morrer, mas depois abri os olhos e percebi que ainda estava vivo", disse o sobrevivente Vishwash Kumar Ramesh, cidadão britânico, à emissora nacional "DD News", na sua cama de hospital.
O nariz e a roda dianteira do voo 171 da Air India aterraram no refeitório onde os estudantes almoçavam.
O vice-comissário da polícia, Kanan Desai, disse que foram contabilizados 265 corpos até à data, o que sugere que pelo menos 24 pessoas morreram em terra. O número pode aumentar à medida que mais partes de corpos forem recuperadas.
"O número oficial de mortos será divulgado apenas após a conclusão dos testes de ADN", disse o ministro do Interior, Amit Shah, em comunicado na noite de quinta-feira. Serão recolhidas amostras de ADN de familiares dos mortos que vivem no estrangeiro.
A Air India informou que seguiam 169 passageiros indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadiano a bordo do voo com destino ao aeroporto de Gatwick, em Londres, além de 12 tripulantes.
O primeiro-ministro Narendra Modi visitou o bairro devastado na sexta-feira e também foi fotografado ao lado da cama do sobrevivente Ramesh. Ramesh, que sofreu queimaduras e outros ferimentos, disse: "Tudo aconteceu à minha frente e nem eu conseguia acreditar como consegui sair vivo daquilo". "Um minuto após a descolagem, de repente, parecia que algo tinha ficado preso. Percebi que algo tinha acontecido, e então, de repente, as luzes verde e branca do avião acenderam-se."
A Índia sofreu uma série de acidentes aéreos fatais, incluindo um desastre em 1996, quando dois aviões colidiram em pleno voo sobre Nova Deli, matando quase 350 pessoas. Em 2010, um avião da Air India Express despenhou-se e incendiou-se no aeroporto de Mangalore, no sudoeste da Índia, matando 158 dos 166 passageiros e tripulantes a bordo.
Os especialistas disseram que era muito cedo para especular sobre o que pode ter causado o acidente de quinta-feira. "É muito improvável que o avião estivesse acima do peso ou transportasse muito combustível", disse Jason Knight, professor sénior de mecânica dos fluidos na Universidade de Portsmouth. "A aeronave foi concebida para voar com apenas um motor, pelo que a causa mais provável do acidente é uma avaria nos dois motores. A causa mais provável de uma avaria nos dois motores é uma colisão com aves."
O setor aéreo indiano tem prosperado nos últimos anos, com Willie Walsh, diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a considerá-lo "nada menos que fenomenal" no mês passado. O crescimento da economia fez da Índia e dos seus 1,4 mil milhões de habitantes o quarto maior mercado aéreo do Mundo, doméstico e internacional, com a IATA a projetar que se tornará o terceiro maior dentro de uma década.