Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, encontrou-se, esta segunda-feira, com Xi Jinping, presidente da China, em Pequim. A reunião entre os dois, que durou cerca de 35 minutos, teve como objetivo amenizar a tensão que tem marcado as relações entre as duas grandes potências.
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"O lado chinês deixou a sua posição clara e os dois lados concordaram em seguir os entendimentos comuns que o presidente Biden e eu alcançamos em Bali", salientou Xi Jinping, citado pela televisão pública CGTN, no fim da reunião, fazendo referência ao encontro de líderes do G20, que ocorreu na Indonésia, em novembro do ano passado. O chefe da gigante asiática frisou ainda que ambas "as partes fizeram progressos e chegaram a um acordo sobre algumas questões específicas", sem dar mais detalhes.
A reunião entre as duas autoridades, realizada no Grande Salão do Povo, o grande edifício no lado oeste da Praça da Paz Celestial, onde Xi habitualmente recebe líderes governamentais, um sinal de que, pelo menos para já, as duas nações não querem construir um relacionamento bilateral baseado em hostilidades.
Blinken é o primeiro secretário do Estado norte-americano a visitar Pequim desde 2018. Os esforços para estabelecer uma diplomacia regular de alto nível ocorrem quando as relações bilaterais EUA-China estão no ponto mais baixo das últimas décadas.
A tensão entre os dois países foi maximizada em agosto de 2022, quando Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos Representantes, presidiu até Taiwan. A deslocação da líder norte-americana feriu as relações com o gigante asiático, com Pequim a classificar a visita como "uma violação grave do princípio "uma só China"".
Em fevereiro, a animosidade voltou a crescer. O Pentágono anunciou que um balão de vigilância chinesa estava a flutuar no espaço aéreo dos EUA com a intenção de espiar o país, o que levou Blinken a cancelar uma viagem anterior à capital chinesa.
A situação piorou quando Blinken confrontou Wang Yi, principal diplomata chinês, à margem da Conferência de Segurança de Munique, para lhe dizer que Washington desconfiava que a China estaria a considerar fornecer material letal à Rússia. Pequim respondeu ao congelar algumas trocas diplomáticas importantes e intensificando a retórica antiamericana.
"Discussão franca"
O encontro entre Blinken e Xi acontece um dia após o secretário de Estado dos EUA ter sido recebido pelo ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang. Os dois tiveram uma "discussão franca e produtiva", com o norte-americano a ressalvar "a importância de administrar com responsabilidade a competição entre estados, através de canais abertos de comunicação", informou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller , em comunicado.
Nos últimos meses, as autoridades dos EUA têm salientado a necessidade de manter um diálogo regular de alto nível com a China, de modo a que os dois países possam conversar sobre qualquer crise, nomeadamente numa altura em que os Exércitos das duas nações estão cada vez mais próximos devido aos exercícios recorrentes no mar do Sul da China e em outras zonas asiáticas.
Desde que chegou à Casa Branca, em 2021, Joe Biden tem mantido a linha anti-China traçada na era de Donald Trump, sendo que, em alguns casos, foi ainda mais longe do que o antecessor, ao proibir as exportações de semicondutores de última geração para a grande potência.
Ainda assim, o presidente dos EUA tem expressado o desejo de alcançar novos graus de cooperação com Pequim, sobretudo em áreas como o clima, não descartando uma nova reunião pessoal com o homólogo chinês.
A próxima oportunidade para um encontro ao mais alto nível pode surgir já em setembro, altura em que os dois líderes são esperados em Nova Deli, na Índia, para a cimeira do G20.