Investigadora no IPRI-NOVA e doutoranda em Estudos Internacionais e Ciência Política na Universidade de Miami, onde elaborou a tese "The Democratic West and the Democratic Rest: Searching for the New Liberal International Order". Durante os anos em que esteve na Universidade de Miami, como bolseira Fulbright, foi investigadora convidada na Fundação Getúlio Vargas (Rio de Janeiro) e na Observer Research Foundation (Nova Deli) em 2014.
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A mudança de posição de Zelensky mostra que a Ucrânia está num beco sem saída?
Zelensky já deixou claro que a Ucrânia não vai submeter-se à Rússia, e esta mudança de posição é apenas o abrir de uma porta a negociações de boa vontade. O presidente deve estar muito cansado desta guerra e da falta de ajuda da NATO, fazendo com que sinta uma certa fraqueza. Não quer isto dizer que esteja num beco sem saída, mas sim que enquanto líder tem de ponderar todas as hipóteses.
É possível antecipar cedências por parte da Rússia?
A Rússia ainda está numa situação de preponderância. E quando um estado está nesta situação, à partida não vai fazer grandes cedências.
As possíveis abdicações de Kiev podem impulsionar Putin a fazer um uso da força para atingir outros fins?
O presidente já usou a força várias vezes, nomeadamente nos casos da Geórgia e da Crimeia, e nestas situações conseguiu atingir os seus objetivos sem ser particularmente incomodado pela comunidade internacional. Não seria uma coisa nova, mas neste momento penso que o Kremlin quer evitar uma extensão da guerra. Por outro lado, Putin não quer ser visto como um derrotado e não vai sair da guerra mostrando fraqueza.
Mesmo estando cada vez mais isolado no plano internacional, Putin deverá manter a ofensiva?
Penso que nada o vai fazer voltar atrás. Ainda assim, e apesar da Rússia conseguir derrubar a Ucrânia num cenário de guerra, terá dificuldade em manter a paz e creio que Moscovo está a aperceber-se disso aos poucos. Há também a possibilidade da guerra se prolongar e da Rússia ser obrigada a negociar pelos estados internacionais. É aqui que a China, a França e a Alemanha podem ter grande importância para pressionar o regime liderado por Putin.