A organização Médicos Sem Fronteiras considera o surto do vírus Ébola, suspeito de ter causado a morte a pelo menos 78 pessoas na Guiné-Conacri, "uma epidemia sem precedentes" no país da África Ocidental.
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"Estamos perante uma epidemia de magnitude nunca vista, em termos de distribuição de casos no país", afirma, em comunicado, Mariano Lugli, coordenador dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Guiné-Conacri, enumerando as zonas onde o vírus já foi sinalizado: Gueckedou, Macenta, Kissidougou, Nzerekore e Conacri.
"Os MSF realizaram intervenções em quase todos os surtos de Ébola dos últimos anos, mas foram muito mais restritos geograficamente e afetaram zonas mais remotas", compara.
"Esta propagação geográfica é preocupante, porque vai complicar significativamente as tarefas das organizações que trabalham para controlar a epidemia", antecipa, no dia em que dois casos de Ébola foram confirmados na Libéria, país vizinho da Guiné-Conacri.
Os MSF contam mobilizar, até ao final da semana, 60 peritos internacionais (médicos, enfermeiros, epidemiologistas, higienistas e antropólogos) com experiência em febres hemorrágicas.
O Ébola - nome do rio na República Democrática do Congo onde o vírus foi detetado pela primeira vez, em 1976, ainda aquele país se chamava Zaire - transmite-se por contacto direto com o sangue, fluidos corporais e tecidos de sujeitos infetados, provocando febres hemorrágicas que podem ser fatais.
Após um período de incubação de entre dois e 21 dias, os infetados sofrem um brusco aumento da temperatura, acompanhado por fadiga intensa, dores musculares, dores de cabeça e dores de garganta. Seguem-se vómitos, diarreias, erupções cutâneas, desidratação, insuficiência renal e hepática e hemorragias internas e externas.
Não existe tratamento nem vacina, cenário que faz do Ébola um dos mais mortais e contagiosos vírus para os seres humanos.
Desde 1976, o Ébola causou a morte de pelo menos 1200 pessoas, dos 1850 casos detetados. Os surtos mais fortes registaram-se na República Democrática do Congo, em 1976 (318 casos), 1995 (315 casos) e 2007 (264 casos), no Sudão, em 1976 (284), e no Uganda, em 2000 (425 casos).