A especialista das Nações Unidas que alegou haver "motivos razoáveis" para acreditar que Israel cometeu "atos de genocídio" em Gaza admitiu esta quarta-feira ter recebido ameaças, mas disse que não pretende demitir-se.
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"Tenho sido atacada desde o início do meu mandato" em 2022, disse a relatora especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados, Francesca Albanese, numa conferência de imprensa.
"Não estou a dizer que é agradável e às vezes recebo ameaças, mas até agora não necessitei de precauções adicionais", afirmou a especialista, cujo mais recente relatório foi divulgado na segunda-feira.
Israel proibiu-a de entrar no seu território após declarações que, segundo as autoridades israelitas, negam o caráter antisemita do ataque do Hamas em 7 de outubr
A funcionária da ONU é apoiada por muitos países, mas está no centro de uma controvérsia, com alguns observadores a considerarem que as suas declarações à imprensa são por vezes demasiado polémicas.
A especialista - que é mandatada pelo Conselho dos Direitos Humanos mas não fala em nome da organização - afirmou estar sob pressão, mas assegurou que isso não altera a sua intenção de prosseguir as suas tarefas.
"Pode ser que decida retirar-me em algum momento, simplesmente porque também tenho uma vida privada que gostaria de desfrutar, mas não será porque fui demonizada ou maltratada", explicou Albanese.
Para as autoridades de Israel, o relatório de Albanese faz parte de "uma campanha para minar o próprio estabelecimento do Estado judaico", o que a especialista refuta.
"Não estou a questionar a existência do Estado de Israel (...) mas faço parte de um movimento que quer o fim do 'apartheid'", reagiu Albanese, assegurando que também condena o Hamas.