Um agente do serviço de inteligência israelita Mossad, que morreu numa prisão em Israel em 2010, foi preso pelos seus superiores porque acreditavam que o agente, Ben Zygier, tinha revelado informações sobre as suas operações com a Mossad.
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O cidadão de dupla nacionalidade, australiano-israelita, teria estado em contacto com agentes do serviço de inteligência australiano ASIO e fornecido detalhes sobre algumas operações da agência Mossad, divulgou a "ABC News".
Na semana passada, a mesma fonte identificou Zygier como o "Prisioneiro X", cuja existência Israel nunca confirmou.
A "ABC News", que primeiro divulgou a história sobre a secreta captura de Zygier e a sua morte na prisão, com 34 anos, disse que, segundo fontes não nomeadas, numa das quatro viagens do agente à Austrália, Zygier candidatou-se para um trabalho em Itália, onde uma das operações, uma missão ultra-secreta, iria decorrer.
Mossad ficou preocupada quando descobriu que o agente tinha tido contacto com a agência australiana ASIO, temendo que Zygier passasse informação sobre a grande operação em Itália.
Acredita-se que Zygier tenha sido preso em segredo em 2010 numa prisão israelita de máxima segurança, Ayalon. O caso tornou-se conhecimento público quando um jornal online israelita divulgou a notícia nesse ano, mas a história foi logo retirada após uma ordem de censura.
Zygier era um dos três australianos que mudaram o seu nome várias vezes e tiraram novos passaportes australianos para as suas viagens pelo médio oriente e pela Europa para operações da Mossad.
O caso tem levantado várias questões na Austrália e Israel sobre a suspeita do uso da dupla nacionalidade australiana-israelita pela agência Mossad.
A morte Zygier foi determinada como suicídio por um juiz. O ministro australiano dos Negócios Estrangeiros, Bob Carr, iniciou uma investigação sobre a forma como o seu departamento tratou este caso.
O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, procurou no domingo diminuir a atenção dos média sobre o caso e disse que "acredita absolutamente" nos serviços de segurança de Israel e no que ele descreve como o sistema legal independente de vigilância sob o qual operaram.
Netanyahu defendeu ainda a necessidade de manter algumas informações fora do domínio público. "Nós não somos como os outros países. Somos mais ameaçados, mais desafiados e por isso temos de assegurar a apropriada atividade das nossas forças de segurança", disse.
"Deixem as forças de segurança trabalhar secretamente para que possamos continuar a viver seguros", acrescentou o primeiro ministro.
Mark Dreyfus, da Advocacia-Geral australiana, que está no comando da agência ASIO, disse na segunda-feira que não iria comentar sobre assuntos de inteligência ou suspeitas de que a ASIO teria exposto a identidade de Zygier.
Dreyfus acrescentou ainda que não via necessidade de uma revisão de como as agências de inteligência trataram este caso.